Torino: Piazza Statuto e suas superstições

Piazza Statuto é uma das praças mais importantes de Turim, localizada no centro da cidade. Na Idade Média, era um dos quatro pontos de acesso à cidade. É toda circundada por uns prédios vermelhos com pórticos, como se pode ver na foto acima, construídos em 1864 pela impresa londrina Italian Building Society Ltda., que abandonou a obra depois que a capital da Itália foi transferida para Florença e depois, Roma.


Ao centro da praça, ergue-se o monumento ao Traforo Ferroviario del Frejus, um túnel que liga a Itália à França e consiste em uma grande pirâmide de pedras (estas provenientes das escavações), um gênio alado na ponta e os titãs em mármore que parecem estar caindo. Tudo isso é uma alegoria da razão (representada pelo gênio) que triunfa sobre a força (os gigantes), de acordo com a corrente filosófica da época, o Positivismo. Entretanto, a tradição popular diz que o monumento é uma homenagem aos operários que morreram durante a construção do túnel.


Aliás, a praça é alvo de algumas crenças. Por estar situada a oeste, portanto, onde o sol se põe e começa a escuridão, era considerado um local nefasto e mal-assombrado. Era também o local de julgamento e execução dos condenados e onde começava o grande cemitério da cidade. E as lendas não param por aqui: muitos acreditam que alí está um dos vértices do triângulo da magia negra, situado em um obelisco próximo ao monumento ao Frejus. Na verdade, o tal obelisco marca o 45º paralelo.

Torino: Mole Antonelliana e o Museu do Cinema

O símbolo de Turim por excelência é a Mole Antonelliana, um edifício com uma grande cúpula e uma ponta alta sobre esta (como se pode ver na foto), projetada pelo arquiteto Alessandro Antonelli em 1863.


Inicialmente foi pensada para abrigar a sinagoga da cidade e uma escola hebraica, já que o rei Carlos Alberto de Savoia concedeu oficialmente a liberdade de culto às religiões não católicas. Mas acabou não sendo destinada para tal fim, pois o projeto de Antonelli era muito caro e ambicioso; a Prefeitura de Turim ficou com o edifício e deu em troca um outro terreno para que a comunidade judaica finalmente pudesse ter a sua sinagoga.

Com a transferência da Sinagoga e o término da grandiosa obra de Antonelli, o edifício foi destinado a ser sede do Museo del Risorgimento. Este, porém, foi transferido para o Palazzo Carignano nos anos 60 e 90. A Mole, então, passou a ser o "balcão da cidade", onde turistas e moradores iam admirar Turim da cúpula, e local para mostras.


Desde 2000 a Mole Antonelliana abriga o Museu do Cinema, onde podemos ver desde os equipamentos óticos pré-cinematográficos, cartazes de filmes antigos até reproduções de modernos sets dos grandes filmes.

Elevador panorâmico totalmente transparente (o chão também!) que leva até a metade da cúpula: um minuto para percorrer 85 metros de altura a 5 km/h

Maquete da Mole Antonelliana

No átrio da Mole Antonelliana tem uma espécie de cinema. Cada poltroninha dessa é, além de confortável e flexível, equipada com fones de ouvido para não incomodar os visitantes que estão em outras partes do prédio. E são projetados várias tipos de filmes

Torino: Piazza Castello e seus históricos palácios

Palazzo Madama - Casaforte degli Acaja

A Piazza Castello está localizada no centro histórico de Turim, ponto de confluência das principais vias de acesso da cidade e onde estão os famosos Palazzo Madama e Palazzo Reale.


Palazzo Madama e Casaforte degli Acaja é um complexo de edifícios interessante, constituído por dois núcleos que parecem não pertencer um ao outro. A história é assim: na época da ocupação romana em Turim, surgia na atual praça a Porta Fibellona, um dos importantes pontos de acesso à cidade. Com o fim do Império Romano, essa passa para as mãos da família Savoia-Acaja que a trasformam em um castelo. Durante a regência de Cristina da França, a fortaleza ganha, além de outra fachada de frente a Via Garibaldi, um segundo palácio.


Na foto acima é possível ver os dois lados do edifício, um medieval, constituído pelo castelo (daí o nome da praça) e outro barroco (que leva o nome das duas damas que lá residiram).

Palazzo Reale, corte da Família Real Savoia

Depois das destruições causadas pela guerra civil (entre 1637 e 1640), Cristina de Bourbon, regente do Piemonte, deu início aos trabalhos para a reconstrução da Piazza Castello e ainda modernizou o antigo Palazzo di San Giovanni, atual Palazzo Reale e um tempo sede da família Savoia.


Estima-se que o Palácio Real é quase tão antigo qunanto ao castelo do complexo Palazzo Madama e Casaforte degli Acaja e que tenha sido um palácio episcopal. Passou a ser residência da Família Real após a mudança da sede ducal de Chambèry, França, para Turim.

Palazzo dell'Armeria Reale

Outros edifícios surgem na Piazza Castello: a Armeria Reale (na foto acima), onde se encontra uma das mais ricas coleções de armas do mundo, o Palazzo del Governo, o Palazzo della Giunta Regionale, a Igreja de San Lorenzo, a Biblioteca Real, o Arquivo do Estado e o Teatro Regio.

Torino, terra da FIAT e não só

Estivemos em Turim em outubro do ano passado para o meu aniversário. Era para ser surpresa, mas acabei entendendo para onde estávamos indo. Entre os presentes, um foi assistir uma partida da minha querida Juventus contra o Torino no Stadio Olimpico.


É uma cidade grande, mas não é caótica, terceiro pólo econômico do país depois de Roma e Milão. Apesar do trânsito um pouco complicado, é um lugar perfeito para morar, um pouco menos caro que nas outras capitais do norte italiano, tudo muito perto e com grande facilidade e disponibilidade de locomoção (depois da ampliação do metrô, o mais jovem da Itália, será bem melhor).


Ao longo do Rio Pó, o maior da Itália que atravessa toda a cidade, há diversos parquinhos e áreas verdes, onde as pessoas vão fazer suas atividades físicas ou passear. Vi até um castelo na beira do rio, mas não chegamos a visitá-lo por falta de tempo.


Turim é muito conhecida por causa da empresa automobilística FIAT (Fábrica Italiana de Automóveis Turim), mas não é a única atração da cidade. Foi também a primeira capital da Itália depois de sua unificação, terra da Família Real Savoia. Mas antes deles, foi ocupada pelos romanos que a batizaram de Augusta Taurinorum, cujo nome inspirou aquele atual. Nos próximos textos vocês poderão conhecer um pouco mais dos lugares que visitei em Turim.


E quem vai a Turim não deve deixar de experimentar o característico e delicioso chocolate gianduotto, feito com a Avelã do Piemonte, de Indicação Geográfica Protegida (IGP). Foi o primeiro chocolate embalado para o Carnaval de 1865 e distribuído pelo Gianduja, um personagem carnavalesco popular de Turim que inspirou o nome do chocolate.