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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Apresente sua cidade (por Brasil na Italia)

O blog Brasil na Italia  tem uma seção bem interessante para quem está pensando em conhecer a Itália (mas também outros lugares do mundo) e quer dicas atualizadas dos melhores lugares turísticos de cada cidade.

Eu participei recentemente escrevendo sobre Bergamo, uma cidade no norte da Itália próxima a Milão:


BRASIL NA ITALIA: Os fascínios de Bergamo por Juliana Renó


Também publiquei aqui no blog, há um tempo, dois textos sobre a cidade:




domingo, 28 de novembro de 2010

Napoli: a cidade partenopeia

Vista do Golfo de Nápoles, Teodoro Duclère

A única vez que estive em Nápoles foi durante uma viagem que fiz com meu namorado e minha futura sogra em setembro de 2007. Partimos, de carro, da Sicília, onde fomos visitar alguns parentes, e seguimos viagem para casa, em Brescia, norte da Itália. No caminho, paramos em Nápoles, Pompeia, Siena, Pisa e Florença. 

Infelizmente, a nossa parada em Nápoles foi de apenas algumas horas, mas o suficiente para me encantar com o pouco que vi da cidade. E também me surpreender com alguns aspectos que nunca imaginei que pudessem exisitir em um país da Europa Ocidental.

Panorama do Porto de Nápoles com a bela vista do vulcão Vesúvio e do Mar Tirreno

O trânsito e as condições das ruas são um dos aspectos negativos de Nápoles. Estava acostumada ao tráfego de São Paulo, no Brasil, e já tinha visto mais ou menos a diferença entre o norte e o sul quando estive na Sicilia. Mas ao ver como era Nápoles, fiquei impressionada como ninguém dá passagem, os carros que param em fila dupla, ônibus e bondes a toda velocidade, além das sujeiras nas ruas e desigualdades sociais muito evidentes
Claro que não fomos embora sem antes comer uma boa pizza napolitana em um dos restaurantes à beira mar do Golfo de Nápoles. Eu não pedi a tradicional pizza margherita, mas uma que se chamava Vesúvio, em homenagem ao vulcão da cidade. A base era como uma pizza normal, com muita mozzarella di bufala (a melhor e original da região da Campania), presunto e cogumelos. Por cima vinha uma massa bem fina, um pouco estufada para dar a forma do vulcão, e com ovos fritos na ponta (pena que não tirei uma foto). Uma delícia!

A tradicional Pizza Margherita, nascida em Nápoles. Sou fã da pizza italiana e não concordo com meus amigos e colegas de São Paulo que preferem a pizza feita lá. A italiana é mais leve e simples

Para completar e ajudar na digestão de uma pizza tão elaborada, nada melhor que um copinho de Limoncello servido bem gelado. 

Limoncello, um licor doce de limão produzido na região da Campania (especialmente em Capri, Sorrento e na Costa Amalfitana)
 
Gostaria de voltar a Nápoles e conhecer melhor esta que é uma das cidades mais famosas e fascinantes da Itália, com tanta riqueza artística herdada por seu passado glorioso e com um povo hospitaleiro e alegre.


O que visitar em Nápoles?

Nápoles é famosa por sua pizza, pelas suas músicas cantadas no melodioso dialeto napolitano, pela tarantella, pela pulcinella (uma máscara teatral) mas também por seus monumentos deixados pelos povos que a conquistaram ou reflexos da modernização pela qual passou a cidade no decorrer dos séculos


Maschio Angioino (Castel Nuovo)
É um imponente e austero castelo localizado próximo ao porto. Foi construído entre 1279 a 1284 a mando de Carlos I de Anjou e lá se estabeleceu com sua corte, deixando o Castel dell'Ovo e o de Cápua. No século XV, durante o reinado aragonês de Afonso I, o castelo foi completamente reedificado, assumindo o aspecto de uma verdadeira fortaleza. Um século mais tarde, ascrescentou-se à construção o Arco do Triunfo, com tantos relevos que exaltam seus patrocinadores, a Casa Real de Aragão.

Hoje, o castelo sedia a Administração Municipal  e o Museu Histórico.

Vista aérea do Maschio Angioino


Detalhes de uma das torres do castelo

Castel dell'Ovo
Um dos castelos mais antigos de Nápoles, já foi moradia da Casa Real dos Anjous antes de se transferirem para o Maschio Angioino. O nome vem de uma antiga lenda ligada ao poeta latino Virgílio, considerado também um mago durante a Idade Média. Dizia-se que o poeta havia escondido um ovo nos porões do castelo que o manteria em pé e se fosse quebrado, além de ruir o castelo, também provocaria uma série  de catástrofes em Nápoles.

No século XIX quase foi abatido e ficou abandonado até a década de 70 do século passado. Hoje é visitável e abriga um museu.



Piazza del Plebiscito
Construída no século XVIII, é uma das praças mais famosas e bonitas da Itália. É composta pela Igreja de São Francisco de Paula, um elegante edifício do século XIX inspirado nas formas neoclássicas e pelo elegante Palazzo Reale, construído no século XVII e residência dos vice-reis espanhóis e da Casa dos Bourbons.


Galleria Umberto I
É uma elegante galeria comercial que interliga diversas ruas importantes do centro de Nápoles e dedicada ao rei italiano Umberto I, filho de Vittorio Emanuele II. Foi construída durante a Belle Époque italiana e mistura elementos barrocos com modernidade, resultando em uma obra que impressiona pelo seu requinte.



Teatro San Carlo
Foi construído a mando do  rei Carlos III de Bourbon em 1737 e reconstruído em 1816 após um incêndio que o danificou gravemente. É hoje um dos teatros mais prestigiosos do mundo, com capacidade para 3000 lugares. Apresenta obras líricas tradicionais de grande valor artístico.


Duomo 
Dedicada a Santa Maria Assunta, a catedral matriz de Nápoles é famosa por abrigar as relíquias de São Januário (San Gennaro em italiano),  padroeiro da cidade e santo pelo qual os napolitanos são fielmente devotos.

A catedral foi erguida no século XIII sobre os restos de uma pequena igreja. Durante os séculos sucessivos, passou por diversas reformas e reedificações. Seu interior é enriquecidos por verdadeiras obras-primas da arte italiana

São Januário, o padroeiro de Nápoles e bispo de Benevento, martirizado em 305

Nápoles não se resume a esses monumentos. É uma cidade que há muito a se descobrir e se encantar, seja na beleza natural do seu território que no acolhimento de sua gente.


Sites sobre Nápoles



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mostra em São Paulo - Milo Manara: uma vida chamada Desejo

Ilustração de Milo Manara para as mostras no Brasil
Já que estamos falando de mostras italianas e que o assunto da vez nos networks é sobre desenhos animados e histórias em quadrinhos, aproveito para divulgar uma mostra de desenhos eróticos do cartunista italiano Milo Manara em sua passagem pelo Brasil. 

Manara não é apenas desenhista erótico. De um talento artístico muito admirado, já colaborou por muito tempo com o cineasta italiano Federico Fellini, com as editoras Larousse e Mondadori, com o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, com o jornal italiano Corriere della Sera e tantos outros personagens e editorias importantes.

Deixo aqui a entrevista do Manara no Programa do Jô, exibido no dia 10/11/2010, onde ele conta um pouco sobre sua carreira e sua vida como artista:



Para quem quiser conferir a mostra de Manara e até participar de um bate-papo com o autor, segue a programação:


De 18 de novembro a 12 de dezembro de 2010
às 20 horas
Oficina Cultural Oswald de Andrade. Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro
Organizado pelo Istituto Italiano di Cultura di San Paolo, pela Oficina Cultural Oswald de Andrade e pela POIESIS
em colaboração com a COMICON Rio, a Casa 21, a Editora Conrad e a lly Caffè
Entrada franca. Para participar do bate-papo com o autor, retirar a senaha a partir das 18 horas


VI Semana Venezia Cinema


Uma notícia interessante para os amantes de cinema italiano que se encontram no Brasil: durante o mês de novembro, as cidades de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília serão palco da VI Semana Venezia Cinema. O evento contará com uma seleção de 6 filmes italianos exibidos durante a 67° Mostra Internacional de Arte Cinematográfica, organizada pela Bienal de Veneza durante o mês de setembro, e terá apoio e patrocínio dos Institutos Italianos de Cultura de São Paulo e do Rio de Janeiro, do Consulado Geral da Itália em Curitiba, da TIM, da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, do Centro Sperimentale di Cinematografia, da Cinemateca Brasileira, do Cineplex Batel, do Cine Livraria Cultura e do Cine Odeon.


Locais e datas da mostra, com entrada franca:

Curitiba: de 17 a 22 de novembro de 2010 (corram, são os últimos dias!) no Cineplex Batel

São Paulo: de 22 a 27 de novembro de 2010 no Cine Livraria Cultura e de 25 a 28 de novembro de 2010 na Cinemateca Brasileira de São Paulo

Rio de Janeiro: de 26 de novembro a 2 de dezembro de 2010 no Cine Odeon

Brasília: de 2 a 7 de dezembro de 2010 no Cine Brasília


A programação completa da mostra em todas as cidades participantes pode ser vista aqui. Os filmes exibidos em São Paulo estão disponíveis aqui.

Será exibido o filme Profumo di donna (Perfume de Mulher, Dino Risi, 1974) em homenagem ao ator e diretor italianoVittorio Grassmann, falecido no ano de 2000. 



Curiosidades da Antiga Roma


Aproveitando que os últimos assuntos do blog é sobre Roma, gostaria de compartilhar com vocês algumas curiosidades sobre a vida cotidiana da Antiguidade Romana que descobri lendo o livro de um escritor paleontólogo italiano. Tantas delas foram herdadas pelos povos conquistados pelos romanos e existem até hoje.

1. Embelezamento: os romanos eram vaidosos e primavam pela boa aparência. Os homens criaram o hábito de se barbearem (com lâminas de ferro e a seco), uma obrigação sobretudo se eram soldados. Mas não faziam sozinhos; se eram ricos, possuiam um tonsor (barbeiro) particular que fazia o serviço em casa. Os  menos favorecidos iam em barbearias públicas - algumas até a céu aberto - espalhadas pela cidade. As mulheres se embelezavam em casa com ajuda de uma serva, se eram ricas. Herdaram das egípcias as técnicas da maquiagem (usavam até fuligem para pintar os olhos) e dos banhos aromáticos. O penteado variava segundo a moda ditada pelas esposas dos imperadores e chegavam até ser muito elaborados, como o das tranças que formavam um cone no alto da cabeça. Elas também tingiam os cabelos com hena, faziam apliques com cabelos importados da Índia e até depilação. 

2. Vestuário: a toga, usada sobre a túnica, servia para distinguir a classe social de quem a vestia através da cor, do volume e da forma e só podiam ser usadas por quem tinha a cidadania romana. Os escravos, plebeus pobres e soldados usavam só a túnica. As mulheres usavam, além da túnica e da toga, uma faixa sobre os seios (mammilia) e uma espécie de calcinha (subligaculum) como roupa interior e um manto que cobria a cabeça quando saiam de casa. As crianças usavam a toga praetexta com uma faixa púrpura e quando cresciam, mudavam para a toga uirilis (os meninos) e a stola (as meninas que se casavam). As romanas também usavam um tipo de biquíni para praticar esportes ou relaxarem nas termas.

Toga e pallio, o manto comprido que cobre a cabeça. As mulheres o usavam quando saiam de casa e os homens quando viajavam

Toga romana masculina

Tunica romana, usada abaixo da toga ou sem nada por cima (no caso de plebeus pobres, escravos ou soldados)

Os primeiros biquínis foram invenção dos romanos e não dos franceses. As mulheres retratadas aqui faziam ginástica usando esse traje de duas peças, mas também podiam ser usados para os banhos termais (mosaico de um antigo palacete romano de Piazza Armerina, província de Enna, Sicília)

3. Hábitos higiênicos: a higiene não era muito o forte naquela época, pelo menos do nosso ponto de vista. As mulheres estavam mais acostumadas ao banho em casa, enquanto que os homens preferiam as termas públicas. Os mais pobres tinham que se virar e tomavam banho como podiam. Para escovar os dentes, usavam uma mistura de bicarbonato de sódio, ervas aromáticas e até pó de pedra-pomes. Papel higiênico nem pensar! Cada um tinha uma esponja que era umedecida na água que corria em um pequeno canal localizado aos pés de cada vaso sanitário.

4. Lavanderia: os romanos lavavam as roupas de uma forma um tanto nojenta. Todo dia de manhã, o servo recolhia a urina de toda a família de seus patrões e a mandavam para a lavanderia, que seria usada para a limpeza das roupas. O cheiro forte era eliminado com água e essências naturais.

5. A casa romana: os patrícios e a plebe mais rica moravam nas domus, a residência urbana da Antiguidade. Essas habitações possuíam um grande atrium (átrio) cercado por colunas e ornado de jardins, pequenas hortas e de um impluvium, uma pequena cisterna pluvial, além de ser a principal fonte de luz solar da casa. O triclinium era o cômodo destinado aos jantares e banquetes, o tablinium era onde o patrono tratava de negócios e as cubicula (que eram mesmo cubículos) o local de repouso noturno, escuro e sem muita decoração ou mobílias. Também havia cozinha e banheiro. Apesar de todo o luxo e ricas decorações dessas domus, as janelas eram escassas e sempre pequenas, quase inexistentes (por motivos de segurança e privacidade). Os mais pobres moravam nas insulae, prédios condominiais com vários andares que depois  passou a ser também residência dos mais abastados quando começou a crescer o índice demográfico de Roma (era uma das cidades mais populosas da Antiguidade). Nesse caso, os andares de baixo eram os mais caros e os mais altos os mais baratos, ao contrário de hoje; quem morava mais embaixo podia fugir com mais facilidade em caso de incêndio (que eram muito comuns naquela época). 

Detalhe de uma domus romana urbana (Sir Lawrence Alma-Tadema, 1901). A parte descoberta, chamada de atrium, era o centro da casa e de onde entrava a luz do sol, vista a escassez de janelas na residência
Restos de uma insula, os nossos atuais apartamentos, em Ostia Antica, uma antiga colônia romana, atual distrito do município de Roma

6. Escola: até os 7 anos, a criança era educada pelo próprio pai, que lhe ensinava moral, noções rudimentares de escrita e história dos personagens ilustres. Depois dos sete anos, a criança (de família rica) passava a ser educada por um tutor, geralmente um escravo grego (a civilização grega era muito mais progredida culturalmente que a romana) liberto, que lhe dava noções de aritimética, escrita e leitura. Os menos favorecidos e até alguns ricos mandavam seus filhos às escolas públicas (e a céu aberto), onde também aprendiam a ler, a escrever e a fazer contas. Um fato interessante é que a leitura naquela época era em voz alta; somente na Idade Média, com os monges copistas, aprendemos a ler mentalmente.

Auto-relevo de uma cena escolar

    7. Vida social: as ruas de Roma eram muito movimentadas durante o dia. Era um vai e vem de pessoas de todas as classes sociais que se misturavam ao caos do comércio, quase uma Vinte e Cinco de Março (rua do centro de São Paulo famosa por seu grande comércio) em época de Natal. À noite não era aconselhado sair de casa pelo risco de assaltos e assassinatos, devido ao policiamento praticamente inexistente. O ponto de encontro dos romanos eram as termas, divididas entre masculinas e femininas, locais de relax, prática de esportes e vida social. Em alternativa, havia os bares, frequentados exclusivamente por homens, que também serviam de restaurante e "outros fins". Um lugar bem insólito para a socialização dos homens romanos era nos banheiros públicos; sentados em um banco conjunto sem divisórias, discutiam sobre diversos assuntos enquanto faziam o número 2.

    Ruínas das Termas de Caracalla
    Um bar-restaurante da Antiguidade Romana

    Toilettes públicas da Antiguidade Romana. Como se pode ver, não havia privacidade e os homens faziam suas necessidades conversando com outros homens tranquilamente e sem pudor. Aos pés de cada sanitário havia um canal por onde corria a água que servia para umedecer a esponja e se limpar depois do "social"

    8. Engenharia civil: os romanos eram hábeis engenheiros. Devemos a eles a construção de pontes, aquedutos e estradas, que foram por muito tempo uma importante via de comunicação com outras colônias do Império Romano (a mais famosa é a Via Appia, que ligava Roma a Brindisi, no sul da Itália).

    Antiga Via Appia que ligava Roma a região da Puglia , no sudeste da Itália

    Há ainda várias outras curiosidades ligadas aos romanos como simbologias, técnicas militares, comportamento etc. que dariam assuntos para um livro ou tratados de antropologia. Se alguém se lembrar de um interessante, pode escrever como comentário que será bem-vindo.


    quarta-feira, 17 de novembro de 2010

    Roma em imagens

    Das duas vezes que fui a Roma, tive pouco tempo a disposição para conhecer mais a fundo a cidade e acabei indo mesmo para os lugares mais clichês. E da segunda vez, acabamos repetindo o itinerário da primeira visita porque estávamos acompanhando uma amiga em sua primeira visita a caput mundi.

    Seguem algumas fotos remanescentes e vídeos que completam o tour por Roma:




    Teatro di Marcello: está localizado a poucos passos da praça do Campidoglio e é um dos teatros mais bem conservados da antiga Roma. Foi construído a mando de Júlio César em homenagem a Marco Cláudio Marcelo, sobrinho de Augusto, para rivalizar com o teatro de Pompeu.


    Arco di Giano: é o arco de entrada do antigo mercado de bois, o Foro Boario. Apesar do nome, não é uma homenagem a Jano (o deus de duas cabeças da mitologia romana a quem foi dedicado o mês de Janeiro). O nome vem do termo latino ianus, ou seja, uma passagem coberta ou uma porta que era destinada aos banqueiros que operavam naquele fórum.


    Templo de Hércules Vencedor: construído aproximadamente em 120 a.C., este particular monumento de forma circular é um dos mais antigos de Roma e está situado na área do Foro Boario. Em 1132, foi consagrado como igreja, dedicado a Santo Stefano alle Carrozze. No século XVII, passou a ser a igreja de Santa Maria del Sole, pois foi encontrada uma estátua de Nossa Senhora refletindo a luz do sol às margens do Rio Tibre, não muito distante do templo.


    Chiesa di Sant'Anastasia: a poucos passos do Circo Máximo situa-se a igreja dedicata a Santa Anastásia, construída entre os séculos III e IV d.C, porém reformada diversas vezes no decorrer dos anos, até chegar a forma atual (durante o papado de Urbano VIII, em 1633). Alguns historiadores dizem que o nome da igreja não é uma homenagem a santa, mas a uma irmã de Constantino que também se chamava Anastásia.


    San Giovanni in Laterano: é um complexo que compreende o Palazzo del Laterano e a Basilica di San Giovanni in Laterano, situado em uma área que pertence ao Estado do Vaticano. A basílica, cujo nome completo é Arquibasílica do Santissimo Salvador e dos Santos João Batista e Evangelista em Latrão, mãe e cabeça de todas as igrejas da Cidade - Roma (em latim: Archibasilica Sanctissimi Salvatoris et Sanctorum Iohannis Baptistae et Evangelistae in Laterano, omnium Urbis et orbis ecclesiarum mater et caput), é a sede eclesiástica oficial do Papa e onde está o Trono Papal. Também é uma das quatro basílicas patriarcais (papais) de Roma, juntamente com a de São Pedro, de São Paulo Extramuros (San Paolo Fuori le Mura) e a de Santa Maria Maior. Ao lado da basílica encontramos o Palazzo del Laterano, um palácio que remonta à época de Roma Imperial e que foi a Santa Sede antes da criação do Vaticano. O obelisco foi construído em Karnak, Egito, a mando do faraó Tutmés III e se situava no Circo Máximo antes de ser transferido para o atual lugar.


    Oratorio del Santissimo Sacramento: foi construído entre 1576 e 1596 pela Confraria do Santíssimo Sacramento, sendo totalmente reedificado em 1727. Conserva pinturas barroca em seu interior, em particular a Sagrada Família, de Francesco Trevisani, situada no altar-mor.


    Palazzo di Giustizia: este palácio monumental de estilo tardo-renascentista e barroco, situado às margens do Rio Tibre, é a sede da Corte Suprema di Cassazione italiana (o Supremo Tribunal Federal, como é chamado no Brasil). Foi realizado entre 1888 e 1910, logo após da proclamação de Roma como capital da Itália. Durante sua construção, foram achados no local alguns restos arqueológicos da civilização de Roma Antiga, como alguns sarcófagos e uma boneca de marfim ao lado do esqueleto de uma jovem (atualmente conservado no Antiquário Municipal). O palácio é conhecido pelo apelido de Palazzaccio, um termo pejorativo que alude ao tamanho da construção e a sua função (aqui na Itália os políticos também não são santos).






    sábado, 6 de novembro de 2010

    Um dia na Cidade Eterna

    A Lupa Capitolina amamentando os gêmeos Rômulo e Remo, fundadores de Roma

    Um dia somente é muito pouco para conhecer e descobrir toda a Caput mundi, mas se o tempo é curto e a vontade é grande, podemos sim conhecer os lugares mais famosos da cidade. Um planejamento prévio da viagem e mapas são muito importantes para não perdermos tempo. Evitar de entrar em museus e outros locais de interesse também ajuda a economizar tempo e disposição, sobretudo se a fila lá fora estiver muito comprida. 

    Das duas vezes que estive em Roma, fiz o passeio a pé e só utilizei metrô ou ônibus na volta. Pode parecer cansativo e até contraproducente para quem tem pouco tempo a disposição, mas eu adorei porque a cada esquina encontrávamos um monumento famoso. E mesmo assim, ainda sobrou tempo para entrar no Fórum Romano, no Pantheon e na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

    Abaixo um pequeno roteiro da nossa visita na Cidade Eterna:



    Não consigo nem descrever a sensação que tive ao sair do metrô e me deparar com o Coliseu! A primeira sensação foi de incredulidade: não conseguia acreditar que o estava vendo ao vivo. Aos poucos, fui me dando conta que não se tratava de um sonho e que estava diante do anfiteatro mais antigo e mais famoso do mundo.


    O Anfiteatro Flávio (nome como foi batizado o Coliseu, em homenagem à dinastia dos Flávios), construído em 79 d.C por Vespasiano e inaugurado por Tito em 80 d.C., foi um local de grandes e sanguinolentos jogos de combates destinados ao entretenimento da população, com capacidade de abrigar entre 40 e 73 mil espectadores. Ao centro estava a arena, toda coberta de areia para dar lugar aos espetáculos que incluíam até certos "efeitos especiais" (animais que apareciam e desapareciam repentinamente, troca de cenários e tudo mais). Os degraus eram divididos de acordo com o poder aquisitivo da população: os patrícios (nobreza romana) eram acomodados em degraus de mármore e situados nos locais mais baixos, enquanto à plebe eram destinados os degraus de madeira, mais no alto, separados por um muro. Na Idade Média, o Coliseu foi transformado em fortaleza e, sucessivamente, tornou-se apenas um depósito de onde eram retirados os materiais para a construção de novos edifícios (boa parte dos monumentos da cidade foram construídos com os restos do Coliseu). Felizmente, tal barbaridade durou até o século XVIII.


    A origem do nome Coliseu (Colosseo em italiano) foi porque o imperador Adriano mandou transferir o Colosso de Nerone (uma grande estátua em bronze que representava Nero) da Domus Aurea para perto do anfiteatro.


    Ao lado do Coliseu encontra-se o Arco de Constantino, um arco triunfal construído pelo Senado para comemorar a vitória de Constantino contra Magêncio na Batalha de Ponte Mílvia (28.10.312).



    Arco de Tito ao centro e alguns dos principais monumentos do Fórum Romano
    Tivemos muita sorte na visita ao Fórum Romano. Como havíamos chegado muito cedo em Roma, fomos os primeiros a entrar no parque arqueológico e assim, pudemos desfrutar de uma visita mais tranquila e prazerosa no antigo centro econômico e político da Antiga Roma.




    Caminhando entre as ruínas do Fórum Romano, fotografando antigos templos, basílicas (que na época não eram edifícios religiosos e sim locais onde se tratavam de política e negócios) e arcos triunfais, eis que chegamos ao Monte Capitolino, uma das famosas sete colinas onde foi fundada a cidade de Roma. É lá que se encontra a famosa Piazza del Campidoglio, uma praça de inspiração renascentista projetada por Michelangelo de acordo com a intenções do Papa Paulo III em transferir para o Capitólio a estátua de bronze do imperador Marco Aurélio. São também obras de Michelangelo a escadaria que dá acesso à praça, a fachada do Palazzo Senatorio (Palácio dos Senadores, atual sede da Prefeitura de Roma), o Palazzo dei Conservatori (Palácio dos Conservadores) e o Palazzo Nuovo (Palácio Novo), estes últimos pertencentes ao complexo dos Museus Capitolinos.



    A poucos passos do Campidoglio encontramos o Vittoriano, um monumento nacional dedicado ao primeiro rei da Itália unida, Vittorio Emanuele II. É também é conhecido por Altare della Patria devido ao altar dedicado aos militares mortos em guerras e batalhas, rigorosamente vigiado pelas guardas de honra da marinha italiana. Construído com mármores brancos de Brescia, apresenta uma série de estátuas e símbolos referentes à história da Itália e aos valores da Pátria. O interior conserva o Sacrário das Bandeiras, onde estão expostas as bandeiras militares italianas.




    Mais adiante nos deparamos com os Fóruns Imperiais de César, Augusto, Vespasiano, Nerva e Trajano, símbolo da expansão populacional de Roma e da sua importância frente às principais capitais do mundo helenístico. O centro das atenções recai sobre a famosa Coluna de Trajano, erguida entre os anos de 107 e 113, que impressiona pela perfeição artística dos mais de 2500 baixos-relevos esculpidos nos 30 metros da coluna, retratando com minúcias a guerra entre romanos e dácios. Sob a base da coluna foi sepultado Trajano e sua estátua, que ficava no pico, foi substituída por uma de São Pedro.




    Dos Fóruns Imperiais seguimos em direção a outros pontos turísticos da Cidade Eterna. Passeando por vielas, lojas e outros monumentos romanos, eis que nos deparamos quase que sem querer com a suntuosa Fontana di Trevi! Também fiquei boquiaberta quando vi de perto aquela fonte tão famosa quanto bela. 


    Iniciada em 1732 e concluída somente em 1762, a Fontana di Trevi é a última espetacular criação do barroco romano. O tema principal é o mar, representado em figuras mitológicas e alegóricas lideradas pelo deus Oceano.


    Há várias crendices e tradições relacionadas à fonte. A mais conhecida e obedecida é a de que se deve jogar, virado de costas, uma moeda nas águas da fonte para poder voltar a Roma. As moedas, muitas delas estrangeiras, são depois recolhidas pela Prefeitura e destinadas a obras de caridade promovida pela Igreja Católica italiana.




    Mais uma vez, demos de cara com outro tesouro arquitetônico de Roma, o Pantheon. Foi construído em 27 a.C. pelo cônsul romano Marco Vipsânio Agripa e reconstruído mais tarde por Adriano, que conservou a inscrição original dedicada a seu antecessor (M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT: "Marco Agripa, filho de Lúcio, construiu durante o seu terceiro consulado"). Originalmente, era um templo dedicado a todos os deuses do panteão, transformado em igreja católica em 609 d.C.. Uma particularidade interessante é a grande cúpula com um buraco aberto bem ao centro e de onde sai uma luz quase que celestial.




    Do Pantheon seguimos em busca de mais pontos turísticos que a cidade eterna nos oferece, até que encontramos a ampla e barroca Piazza Navona. A praça é ocupada por três grandiosas fontes: a Fontana del Nettuno, a Fontana dei Quattro Fiumi e a Fontana del Moro, além da Chiesa di Santa Agnese in Agone, igreja construída na Idade Média no lugar onde Santa Inês sofreu seu martírio e reconstruída mais tarde por Borromini.


    Sem dúvida, a Fontana dei Quattro Fiume é a que mais se destaca entre as outras fontes. Favorecida por sua posição central na praça, a fonte é ainda enriquecida com as grandiloquentes estátuas que representam alguns dos quatro rios (fiumi) mais importantes do mundo: Nilo, Ganges, Danúbio e Rio de la Plata, todas em torno do grande obelisco de Domiciano. Inicialmente deveria ser construída por Borromini a mando do Papa Inocêncio X, mas este mudou de ideia quando viu a miniatura da fonte que Bernini presenteou à cunhada do papa. Em virtude deste episódio, a população começou a difundir algumas lendas: dizia-se que a estátua do Rio Nilo cobria o rosto com as mãos para não ver a igreja de Santa Agnese in Agone, enquanto que na verdade, o rosto coberto era porque ainda não se conhecia a nascente do rio egípcio; a estátua do Rio de la Plata com as mãos para frente parecia temer a queda da igreja, mas a estátua de Santa Inês, com uma mão no peito, garantia estabilidade ao rio. Tudo isso não se passavam de crendices e intrigas, já que a igreja foi reconstruída alguns anos depois da fonte de Bernini.


    A forma retangular da praça é uma remanescência do estádio de Domiciano (século I a.C.) onde se realizavam as competições olímpicas em honra de Júpiter, os agones (que depois passou a ser in agone e, mais tarde, navona). Na Idade Média, a praça passou a ser um lugar público onde se realizavam encontros festosos e jogos. O maior divertimento era quando a praça se enchia de água (fechando os ralos das bicas e bueiros da rua) e se transformava em um verdadeiro lago onde eram realizadas batalhas navais e brincadeiras para se refrescar nas tardes quentes de agosto. No século XIX, essas manifestações foram proibidas pelo Papa Pio IX por motivo de ordem pública.


    Na Piazza Navona é também notável o Palazzo Pamphilj, um elegante palácio construído pela família Pamphili no século XVII e que hoje é sede e propriedade da Embaixada do Brasil na Itália.






    Na minha primeira visita a Roma não tivemos tempo de visitar a Piazza di Spagna porque estávamos presos a horários e perdemos grande parte do tempo na fila para entrar na Basílica de São Pedro (não aconselho visitas a Roma na Páscoa ou no Natal). Foi na segunda viagem que tivemos a oportunidade de visitá-la, mesmo com o calor quase desumano de fim de julho e com os turistas que não paravam de chegar.


    A praça é formada pela harmoniosa composição formada pela Chiesa della Trinità dei Monti com seus dois campanários, muito parecida com as igrejas barrocas brasileiras, pela elegante e monumental escadaria rococó projetada por Francesco De Sanctis no século XVIII e pela Fontana della Barcaccia, obra de Pietro Bernini e de seu filho, Gian Lorenzo. Aqui também há uma lenda em torno da construção da fonte, realizado em memória da enchente do Rio Tibre de 1598. Acredita-se que um barco de pesca foi levado pela cheia do rio até os pés da escadaria e, por isso, foi construída uma fonte em forma de um grande barco que afunda. Na realidade, a curiosa representação foi uma técnica de experimentação para resolver o problema da pouca pressão da água.


    Até o século XVII, a elegante praça barroca se chamava Piazza della Trinità dei Monti por causa da igreja. Foi então que passou a ser conhecida pelo nome atual, quando a Embaixada da Espanha tomou sede em um dos palácios situados naquele local.






    Caminhando em direção ao Vaticano, encontramos um mausoléu de dimensões colossais, inicialmente construído pelo imperador Adriano. É o famoso Castel Sant'Angelo, com sua forma cilíndrica de 21 metros de altura e 64 metros de diâmetro. Pelas suas proporções, foi usado como fortificação no fim do Império Romano, como residência do papa na Idade Média e até como prisões aos patriotas que lutavam para a unificação italiana no século XIX.  Hoje é sede do Museu Nacional.


    A Ponte di Sant'Angelo, situada em frente ao castelo, foi construída por Adriano e enriquecida, em 1668, pelas estátuas barrocas de Bernini.






    Do Castel Sant'Angelo somo conduzidos rapidamente ao Vaticano, reta final da nossa visita a uma das cidades mais bonitas do mundo e rica de histórias que influenciaram a Civilização Ocidental. 


    Antes mesmo de atravessar a rua onde se localiza o Castel Sant'Angelo, já podemos ver ao fundo a Basílica de São Pedro e parte da praça. O outro lado da calçada é o Estado do Vaticano, com uma rua cheia de embaixadas de vários países. Passamos pela representações diplomáticas pontifícias e finalmente alcançamos a Praça de São Pedro. Nem preciso dizer que foi emocionante meu encontro com ela... só a achei um pouco menor do que imaginava, talvez porque as imagens dão uma ilusão ótica de amplitude ou porque minhas retinas não conseguiam alcançar toda a sua dimensão. Mas a beleza e encanto superaram minhas expectativas.


    Mais uma vez encontramos uma obra-prima de Bernini que, para sua construção, teve de enfrentar uma série de problemas. De caráter litúrgico: a praça deveria abrigar o maior número possível de fieis para a benção do Urbi et orbi (à cidade - Roma - e ao mundo). De caráter prático: eram necessários enormes corredores cobertos para as procissões. Por fim, de caráter estético: reavaliar a cúpula da igreja, um projeto de Michelangelo que foi passado em segundo plano para a ampliação da basílica. O resultado foi o que vemos hoje: um vasto espaço que se abre de forma oval para dar espaço ao corredor coberto, sustentado por colunas e vários santos, sem comprometer a harmonia da fachada da basílica. O obelisco que se encontra no meio praça é de origem egípcia e foi erguido em 1586. 




    Da fila às vistorias, finalmente pudemos entrar na Basílica de São Pedro. Minha primeira reação foi encanto. Não conseguia tirar os olhos do centro da igreja, ilumidada pela luz que descia da cúpula de Michelangelo e que dava uma atmosfera celestial ao lugar. Lá estão o Baldaquino e a Cátedra de São Pedro, ambos obras de Bernini. Aquele envolve o altar papal e serve como um  santuário à tumba de São Pedro, o primeiro papa católico que foi crucificado bem ali. A cátedra reflete um espetacular jogo de luzes douradas que dão um ar ainda mais divino à sede da Santa Igreja Católica.


    Viro o olhar à minha direita é vejo uma das mais célebres obras da arte ocidental, realizada pelo jovem Michelangelo entre 1497 e 1500: a Pietà. É quase imperceptível em meio a tanta grandiosidade, e mesmo assim é a obra mais fotografada e contemplada por turistas do mundo inteiro que disputam entre si um ângulo favorável para um olhar ou uma foto.


    A basílica oferece mais tantas preciosidades que precisaríamos de um dia inteiro para admirá-las com calma. Nos subterrâneos encontra-se a cripta com os túmulos dos papas. A mais visitada é a do Papa João Paulo II. Infelizmente, não consegui visitar os Museus Vaticanos e a Capela Sistina porque já estavam fechados para o público. 




    Quem já esteve no Vaticano, talvez tenha se estranhado ao ver alguns guardas vestidos com exóticos uniformes coloridos que mais parecem fantasias. É a Guarda Suíça Pontifícia, responsável pela segurança do Papa desde 1506. O uniforme atual, desenhado pelo comandante suíço Jules Repond em 1914, é inspirado nos antigos uniformes militares suíços e as cores remetem às da casa dos Medici.




    O uniforme de trabalho é mais cômodo e sóbrio, com casaco e calças de cor azul-marinho, luvas brancas e sapatos e boina pretos.