segunda-feira, 31 de março de 2014

Pisogne, província de Brescia

Antes de vir para a Itália, não imaginava que poderia encontrar tantos lugares "escondidos" e encantadores dentro de um território tão pequeno. Uma dessas descobertas foi Pisogne, uma cidadezinha da província de Brescia banhada pelo Lago de Iseo (contei sobre ele uma vez aqui).

O Lago de Iseo é um dos lagos mais importantes do norte da Itália, situado nos Pré-Alpes lombardos, e Pisogne se encontra no extremo noroeste deste lago, porta de entrada para a região da Valle Camonica (também já foi citada aqui há uns anos). É uma cidade com pouco mais de 8 mil habitantes, espalhados em uma superficie de quase 48 km quadrados, que conta com os distritos de Fraine, Govine, Gratacasolo, Grignaghe, Pontasio, Siniga, Sonvico e Toline.

Mas o que faz de Pisogne tão especial? O que me chamou a atenção na cidade foi o gracioso centro histórico às margens do lago, com a grande praça dominada pela Torre del Vescovo, a Igreja Matriz de Santa Maria Assunta no alto, como a velar pelos pedestres, as casas antigas de estilo veneziano e as ruas estreitas que escondem algumas surpresas arquitetônicas.

Centro histórico de Pisogne e orla no outono
Centro histórico e porto de Pisogne no inverno

Recentemente foi reformado e ampliado o calçadão à beira do lago, ponto de encontro de residentes e turistas a fim de um passeio descompromissado nos dias de sol ou nas noites quentes de verão. Nos arredores há áreas para o lazer nos períodos quentes do ano, como o parque para camping e a piscina pública em frente ao lago.


Orla de Pisogne

Calçadão novo

Entre julho e agosto, Pisogne é palco de manifestações que atraem turistas da Itália e do exterior. Os eventos mais badalados é a Mostra Mercato, com exposições de artesanatos e gastronomia locais, e a Notte Rosa, derivaçao do Notte Bianca, uma iniciativa da prefeitura e dos comerciantes que visam diversão e entretenimento cultural durante a noite e por toda a madrugada. E como se fosse um carnaval de rua noturno, mas sem samba, axé ou marchinhas ou uma rave menos louca e mais família (será que alguém consegue imaginar?).


O que visitar em Pisogne

Torre del Vescovo
Símbolo da cidade, a torre construída no século XIV domina a praça principal com seus mais de 30 metros de altura. Era parte dos bens episcopais de Pisogne, daí o nome "del vescovo" que em português significa "do bispo".


Em julho de 1518, a Torre del Vescovo serviu de prisão para oito "bruxas" condenadas ao fogo da Inquisição. Tal condenação, porém, teve uma repercussão negativa na República de Veneza, que acabou intervindo e abolindo processos como esse na região.

Hoje é possível visitá-la e é um bom exercício para quem gosta de subir escadas. Não há nada lá dentro, mas chegando ao topo, tem-se uma vista incrível de Pisogne, do Lago de Iseo e das cidadezinhas às suas margens.

Torre del Vescovo. Foto: Ivy Sene

Vista do Lago de Iseo, do centro e do porto de Pisogne do alto da Torre del Vescovo


Igrejas
O que não falta na Itália são igrejas e é raro ver uma que não seja bonita dentro ou fora. No interior também podemos encontrar tantas variedades, mesmo naquelas cidadezinhas bem pequenas. Só no centro de Pisogne há três igrejas:

Santa Maria Assunta: igreja paroquial desde 1798, foi construída entre 1769 e 1791 sob o projeto de Antonio Marchetti, arquiteto, jesuíta e canônico de São Názaro em Brescia. À época foi considerada uma das igrejas mais imponentes da região.

Foto: Thaise Pregnolatto

Da escadaria da igreja tem-se um belo visual da praça central de Pisogne e do Lago de Iseo.


A praça de Pisgone vista da Igreja Santa Maria Assunta. Foto: Thaise Pregnolatto

Afresco na cúpula da Igreja Santa Maria Assunta. Foto: Ivy Sene

Santa Maria della Neve: encontra-se a poucos passos da estação de trem, no centro de Pisogne. A igreja foi edificada na segunda metade do século XV por vontade da comunidade local e em 1588 os frades agostinianos construíram ao lado um convento que hoje abriga uma casa de repouso para idosos.

Foto: lagoiseo.it

O ponto forte da igreja é a obra de um pintor local, o Romanino. É uma série de afrescos que representam a Paixão de Cristo, em um estilo livre, expressionista, anticlássico, de acordo com a linha imposta pela Contra-Reforma.

Afrescos de Romanino no interior da Igreja Santa Maria della Neve. Foto: itineraribrescia.it

Detalhe de um dos afrescos de Romanino na Igreja Santa Maria della Neve. Foto: Wikimedia

Santa Maria in Silvis: é a igreja rural de Pisogne, de estilo rústico, reconstruída sobre uma antiga igreja medieval. Até 1560 era dependente da Catedral de Brescia.

Foto: itineraribrescia.it


Lungolago
A orla do Lago de Iseo em Pisogne é um dos cartões-postais da cidade e ponto de encontro dos residentes e turistas. É palco de diversos eventos e festivais que costumam atrair muitas pessoas da região e de fora no verão. 

Nas proximidades da orla encontram-se a estação ferroviária (a linha do trem passa bem do lado do passeio), o porto, a prainha com piscina e parque e a área para camping.

O trem que liga Brescia a Pisogne passa bem no centro da cidade

A "prainha" de Pisogne

Junto a esta prainha tem um parque e uma piscina onde os frequentadores podem relaxar e se divertir. No verão o parque é aberto em algumas noites para pequenos shows


Centro histórico
É bem pequeno, mas é gracioso e oferece aos visitantes uma volta aos tempos passados de Pisogne com suas casas características, as ruazinhas com becos estreitos e as galerias porticadas.


Praça central de Pisogone com a Torre del Vescovo


Praça central de Pisogne no inverno 

Praça central de Pisogne na primavera 

Parte histórica da cidade
Vielas de Pisogne. Foto: Thaise Pregnolatto

Pista ciclabile Vello-Toline
Em direção a Brescia encontra-se a ciclovia de Toline (distrito de Pisogne) e Vello (distrito de Marone), antiga estrada às margens do Lago de Iseo que ligava a região de Valle Camonica a Brescia.

Ciclovia Vello-Toline

A ciclovia, que também é uma pista para percursos a pé e de patins, percorre pouco mais de 4 km da costa bresciana do Lago de Iseo. Os túneis e galerias em diversos trechos são a prova de que nem as rochas das montanhas foram seus obstáculos. Em meados de 2013, após três anos fechada por motivos de segurança, a ciclovia foi reaberta e seus frequentadores alertados para os possíveis riscos de desabamentos que ainda podem ocorrer.

Túneis da ciclovia Vello-Toline escavados nas montanhas. Na parte de cima passa a linha ferroviária Trenord (Brescia-Valle Camonica)


Val Palot
É uma estação de esqui que dista cerca de 12 km do centro de Pisgone. O Vale Palot, cujo nome deriva dos abundantes seixos encontrados no rio que o atravessa, era uma antiga via de comunicação entre Brescia e o Vale Camônico (Valle Camonica em italiano) desde a Pre-História (testemunhas são as incisões ruprestes encontradas em 1956) até a época do domínio romano na região. Atualmente liga a cidade de Pisogne à Pezzaze, também pertencente à província de Brescia.


Estação de esqui no Vale Palot. Foto: turismo.regione.lombardia.it

Até a Segunda Guerra Mundial, havia no Vale Palot algumas minas de ouro ativas que foram fechadas e hoje não são mais acessíveis.


Como chegar em Pisogne

De avião
Os aeroportos mais perto de Pisogne são:


De ônibus
Da estação ferroviária de Brescia saem ônibus para Pisogne da linha F27 (Brescia-Iseo-Edolo) operada pela companhia FNMA (Ferrovie Nord Milano Autoservizi).
De Bergamo é só procurar a plataforma da rodoviária (em frente à estação ferroviária) onde passa a linha C (Bergamo-Lovere-Boario) da SAB-Autoservizi e seguir para Lovere ou Darfo Boario Terme (depois é preciso pegar outra condução, balsa em Lovere ou ônibus ou trem em Darfo Boario Terme).

De trem

É o meio mais cômodo para chegar em Pisogne e, de quebra, ainda tem um tour pelo lago durante o trajeto. Da estação ferroviária de Brescia é só procurar pelo binario ovest; a linha operadora é a Trenord e o destino é Darfo, Breno ou Edolo (é sempre bom perguntar se para em Pisogne, porque alguns trens não param em todas as estações).

De carro
Saindo de Brescia, pegar a SS510 em direção à Valle Camonica/Lago d'Iseo/Passo del Tonale e sair em Pisogne Sud.
De Bergamo, pegar a SS42 e seguir para Lovere/Lago d'Iseo. Em Lovere, seguir para Costa Volpino e na altura do número 221 da Via Nazionale, virar à direita na rotatória, pegar a SS55 e sair em Pisogne.

De balsa
De qualquer cidade do Lago de Iseo é possível chegar em Pisogne com balsa. É um passeio que vale a pena para conhecer um pouco de um dos lagos mais importantes da Itália. Os horários atualizados estão disponíveis no site Navigazione Lago d'Iseo.


Fonte

Comuni-Italiani
Guida di Val Camonica (G. Sebastiano Pedersoli e Marcello Ricardi). Edizioni Toroselle.
La Guida del Lago d'Iseo. Edizioni Duina Eugenio.
Wikipédia
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