quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Venezia: outros monumentos, lugares de interesse e eventos


Além da Piazza San Marco, Venezia nos oferece tantos outros monumentos e lugares de interesse. Basta dar uma volta pelo Canal Grande ou então "aventurar-se" pelas várias calli que nos conduzem a lindas localidades. 

Dois lugares interessantes que só vi ou do vaporetto ou do cais e que preciso visitar um dia é a Basilica di Santa Maria della Salute e a ilha de San Giorgio Maggiore


Isola di San Giorgio Maggiore


Basilica di Santa Maria della Salute


Basilica di Santa Maria della Salute foi construída e batizada com este nome devido a um voto feito pelos venezianos à Virgem Maria para que Veneza fosse liberada da peste que dizimou a população entre 1630 e 1631. A peste negra, como era chamada, chegou em Veneza com as frotas espanholas e alemãs. O embaixador do ducado de Mântua, que provinha também de uma área infectada, foi imediatamente colocado em quarentena, mas bastou uma só pessoa que entrou em contato para propagar a doença em toda a cidade e atingir 1/3 da população. Depois de 1 ano da promessa e 50.000 vítimas, a peste finalmente acabou e, como forma de agradecimento pelo milagre concedido, deu-se à construção de uma igreja majestosa, feita de pedra de Ístria (um tipo de pedra branca) e apoiada sobre centena de milhares de paus de madeira ainda intactos, próximo à Punta della Dogana.

A propósito do basamento da igreja acima citado, todos os monumentos e praças são construídos sobre paus de madeira. Antes de Veneza se tornar o esplendor do Mediterrâneo, as casas dos primeiros habitantes eram de palafitas, como aquelas que vemos na Amazônia ou no Pantanal. À medida que começaram a chegar mais pessoas, foram-se aperfeiçoando os métodos de construção civil e alguém teve a brilhante ideia de construir casas, praças e pontes sobre paus de madeira. Há pouco tempo vi num filme (não lembro qual era) sobre ataques extra-terrestres em Veneza, um submarino que ultrapassava a Bacia de São Marcos e adentrava pelos canais. Era possível ver a reconstrução das bases de Veneza, todos aqueles monumentos sobre paus de madeira. Parece incrível, mas é assim mesmo que a cidade se apóia. Outro dia também vi um documentário sobre Veneza que mostrava um canteiro de obras para a construção de uma quadra esportiva. Para isso eles tiveram que destruir um local e foi possível ver os paus intactos que sustentavam aquela parte da cidade há séculos! E como é possível? A incrível Natureza se encarregou de tal feito, pois a lama misturada com a água salgada é o habitat de um tipo de bactéria que preserva a madeira, evitando a sua corrosão.

Continuando com a guia histórica dos monumentos da laguna, pela Riva degli Schiavoni, localizada logo após a Piazzetta di San Marco e o cais, é possível chegar ao Arsenale di Venezia, centro da indústria naval no século XII. Naquela época construíam-se navios imponentes que desafiavam o Mar Mediterrâneo na conquista de novas terras e na rota da Europa do Norte. No século XVI, o estaleiro era uma verdadeira produção em série de navios e chegava a empregar cerca de 16000 pessoas. Além de navios, no Arsenal de Veneza também se fabricavam armas de fogo, algumas usadas para combater os inimigos genoveses (Gênova e Veneza eram as mais importantes Repúblicas Marítimas da Itália, mas também eram rivais entre si). Como não poderia deixar de ser, Napoleão Bonaparte, durante o seu domínio sobre a Itália, colocou suas mãozinhas no patrimônio italiano, destruindo partes significantes do Arsenal, felizmente reconstruídas anos mais tarde. Hoje é uma base naval e também abriga um centro de pesquisa e museu de navios históricos. 


O Arsenal de Veneza

Outra atração são as pequenas ilhas do arquipélago veneziano, como as ilhas de Murano, Burano e Torcello. Há uma excursão de meia jornada para as três primeiras ilhas, a Serenissima Mostoscafi. Durante o trajeto a guia vai nos explicando um pouco sobre os monumentos e locais de interesse e vale a pena o passeio. Como fui no final do outono, lá pelas 4 da tarde já estava começando a escurecer e, além disso, as visitas eram rápidas, de 15 a 20 minutos. Murano mesmo só vi a fábrica de vidro e entrevi algumas casinhas às margens de um canal quando estávamos indo para a loja de vidros, localizada lá dentro mesmo. Vale a pena ir no verão e, se possível, sem excursão para poder explorar mais as ilhas.  

Como mencionei acima, Murano é famosa pela secular produção artesanal de vidros, muito apreciados e vendidos a preços nada populares em toda a Itália e no exterior. Porém, nem sempre são verdadeiros e acho que é mais confiável comprá-los em Murano mesmo. A produção começou em 1872, após várias tentativas de reproduzir a técnica romana de trabalho com vidros. 

Burano, com suas características casinhas coloridas de pescadores, é também famosa pela produção de rendas (merletti). Já Torcello foi primeira ilha a ser ocupada e a primeira capital da laguna.


Fábrica de vidros de Murano


Fabricação dos famosos vidros de Murano


Ilha de Torcello


Ilha de Burano


Quanto aos eventos em Veneza, o mais notável e apreciado em âmbito nacional e internacional é o Carnaval. É diferente do carnaval brasileiro: é mais elegante, com toda a exibição de máscaras e vestimentas suntuosas, mas não deixa de ter o espírito jocoso do carnaval. As pessoas saem pelas ruas fantasiadas (e são assaltadas pelos fotógrafos), a cidade fica lotada de turistas e há muitos bailes de gala durante o período É também muito antigo: em alguns documentos, testemunhas já falavam da festa em 1094, mas só em 1926 é que o Senado da Sereníssima declarou festa oficial na terça-feira, um dia antes do início da Quaresma. Antes de se tornar oficial, porém, por muitos séculos o Carnaval durava seis semanas, do dia 26 de dezembro (às vezes até no início de outubro) até a Quarta-feira de Cinzas; era algo simbólico e sem festas como imaginamos. 

E para concluir, não poderia deixar de citar a Bienal de Veneza. Nascida em 1895, através da iniciativa de um grupo de intelectuais venezianos, tem como finalidade promover e estimular a atividade artística e o mercado da artena cidade. Entre as exposições da bienal, a mais famosa na Itália e no mundo é a Mostra internazionale d'arte cinematografica di Venezia (Mostra internacional de arte cinematográfica de Veneza), o festival do cinema mais antigo do mundo que acontece anualmente (entre os meses de agosto e setembro) no Palazzo del Cinema, localizado na ilha de Lido. O símbolo do festival é o leão de Veneza, o de São Marcos.

4 comentários:

  1. olá

    achei os seus textos muito legais .
    mas gostava de saber um pouco mais como por exemplo as suas memórias de viagem a veneza.
    poderá ajudar me a matar esta curiosidade escrevendo-as aqui no seu blog. por favor

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  2. Ola, Anonimo

    No começo do blog estava muito presa a informaçoes historicas e quase nao escrevia sobre minhas impressoes. Por isso criei um topico com relatos mais subjetivos sobre a Italia, mas de um modo geral e nao de cada cidade que visitei. A maioria sao comentarios curiosos sobre o modo de vida dos italianos, ora parecido com o do brasileiros ora totalmente diferente.
    Apesar de ja ter ido a Veneza 5 vezes, minha visao ainda é muito turistica. Nao tive oportunidade em conhecer realmente os venezianos, o modo de vida deles, os locais que frequentam. Contato com eles so no ambito comercial e nao achei a maioria simpatica, principalmente as mulheres. Se voce fala italiano o tratamento ja melhora.
    No geral, Veneza é sem duvida uma cidade unica no mundo, bela, fascinante, com uma historia riquissima de acontecimentos importantes nao so para a Europa.
    Espero que tenha "matado" a sua curiosidade. :D

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  3. Muito bons teus comentários. Estive em Veneza há cerca de 10 dias e a minha maior curiosidade era saber porque a madeira não apodrece. Hoje, pesquisando o assunto, encontrei o teu blog. Parabéns.
    Sandra Maria Teixeira.
    snegruni_rs@hotmail.com

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  4. Obrigada pelo comentario e pela visita, Sandra!

    Eu tenho tinha muita curiosidade em saber como Veneza podia estar sobre paus de madeiras fincados ha séculos! Até que vi num programa itaiano a historia das bacterias que protegem a madeira.

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