segunda-feira, 28 de março de 2011

150° aniversário da Unificação Italiana

Logotipo oficial das celebrações dos 150 anos da Unificação Italiana

Dia 17 de março foi um dia especial para a Itália, que comemorou seus 150 anos de unificação. Desde o início do ano tem-se falado muito desta festa e, exclusivamente este anoem 2011, foi instituído feriado nacional para a ocasião. Em diversas cidades italianas houve manifestações comemorativas, principalmente em Turim, Roma, Florença e Nápoles, casas e edifícios públicos enfeitados com as cores da bandeira italiana (até eu entrei na onda e coloquei minha bandeirinha da Itália na janela) e museus com entrada franca durante todo o dia.


Como tudo começou

Do dia 22 de setembro de 1814 ao dia 10 de junho de 1815 as grandes potências europeias (Áustria, Grã-Bretanha, França, Rússia e Prússia) participaram do famoso Congresso de Viena. Nessa reunião, cujos princípios conservadores reconheciam as reivindicações das dinastias reais que tendiam neutralizar as crescentes forças revolucionárias e liberais da Europa, foi proposta a reconstrução dos estados que já existiam antes da Revolução Francesa e do domínio napoleônico.

O Congresso de Viena por Jean-Baptiste Isabey, 1819

A Itália foi subdividida em vários reinos: o da Sardenha, com a anexação da Ligúria, foi restituído a Vittorio Emanuele II di Savoia; o Lombardo-Vêneto passou a ser uma província do Império Austríaco; os ducados de Parma, Piacenza, Modena, Reggio e o Grão-ducado da Toscana passaram sob o domínio de dinastias que haviam relações de parentesco com a Casa de Habsburgo; os reinos de Nápoles e da Sicília passaram a Fernando I de Bourbon, rei das Duas Sicílias; e, finalmente, o Reino Pontifício foi devolvido ao papa Pio VII.


Essa restauração, caracteristicamente opressiva, acabou por suscitar a reação de um forte espírito patriótico. Surgem assim as sociedades secretas a favor da queda da dominação estrangeira e da instauração de um regime democrático, como a Carbonária (Carboneria) e a Jovem Itália (Giovine Italia), esta última fundada por Giuseppe Mazzini a fim de criar uma Itália livre, independente e republicana.

Giuseppe Mazzini, um dos grandes ativistas da unificação italiana


Primeira guerra de independência

Do dia 18 ao dia 22 de março de 1848, os milaneses se rebelaram contra os austríacos em uma batalha conhecida por Cinque Giornate di Milano (Cinco Dias de Milão), obrigando o general Radetzky a abandonar a cidade. No dia 23 de março, o rei da Sardenha, Carlo Alberto, anunciou a intervenção militar do Piemonte no Lombardo-Vêneto, declaranado guerra à Áustria. No ano seguinte, o exército austríaco retorna em Milão após vencer os piemonteses.

As Cinque Giornate di Milano representada em um jornal da época


Um pedido de ajuda que levou à segunda guerra de independência

Camillo Benso, Conde de Cavour, estadista e diplomático piemontês, era convicto de que a aliança com a França pudesse favorecer o Piemonte a derrotar a resistência austríaca no território italiano. Sendo assim, em ocasião do Congresso de Paris de 1856, Cavour sensibilizou as potências europeias da época sobre o problema que a Itália enfrentava para a unificação e pediu o apoio de Napoleão III da França.

Camillo Benso, conde de Cavour

Em 1858, no Congresso de Plombières, Cavour e Vittorio Emanuele II, rei do Piemonte, aliaram-se à França, derrotando, no ano sucessivo, o exército austríaco nas batalhas de Magenta e Solferino. A Lombardia, então, passava a integrar o Reino da Sardenha, enquanto o Vêneto permanecia sob o Império Austríaco.

Tudo parecia estar resolvido se não fosse, por medo que a Itália se unisse, o acordo inesperado entre Napoleão III e Franz Joseph I da Áustria em Villafranca, no dia 11 de julho de 1859.


A Empresa dos Mil (L'impresa dei Mille)

A Itália estava em polvorosa do norte ao sul. Depois das revoltas no norte contra os austríacos, era a vez dos sicilianos se rebelarem contra o domínio dos Bourbons. Para ajudar esses revolucionários, Giuseppe Garibaldi organizou um exército de mil voluntários e embarcou para a Sicília. Após derrotar o exército borbônico, Garibaldi e os Mil seguiram para Nápoles, a capital do reino, colocando fim ao domínio dos Bourbons.

Garibaldi embarca em Quarto (Gênova, norte da Itália) rumo à Sicília (sul da Itália)

Depois desse grande sucesso, Garibaldi tinha a intenção de ir a Roma e liberar o reino Pontifício, mas Vittorio Emanuele II, que protegia o papa, alcançou-o em Teano (na província de Caserta, região da Campania) e o convenceu a desistir do tal plano.


Nasce o reino italiano

No dia 17 de março de 1861 foi proclamado em Turim o Reino de Itália, após plebiscitos locais para a anexação dos vários reinos conquistados até então. Três anos mais tarde foi assinado um acordo entre França e Itália, no qual fora estabelecido que os italianos se comprometiam a não assaltar  o Estado Eclesiástico (que estava sob o domínio resistente do papa).

Em 1866 a Itália, aliada à Prússia, apresentou uma declaração de guerra à Áustria a fim de conquistar o Vêneto, o Trentino e Veneza Julia. A Áustria foi derrotada e a Itália obteve somente Veneza e o Vêneto Ocidental.

O Risorgimento conclui-se idealmente no dia 20 de setembro de 1870, quando um exército de artilheiro, liderados pelo general Raffaele Cadorna, assalta Roma através da Brecha de Porta Pia (uma grande fenda de 30 metros formada por tiros de canhões) e combate a resistência francesa. No dia 2 de outubro do mesmo ano, com um plebiscito, finalmente o Estado Pontifício é anexado ao Reino da Itália.



Fonte:

L'Italia in lungo e in largo (De Agostini)


Para saber mais: 

4 comentários:

  1. Olá Juliana, tem que comemorar mesmo!!!
    Estes mesmos movimentos racionalistas aconteceram na Alemanha na mesma época e o povo lutou muito também para que vários de seus territórios fossem independente!! Adorei o texto.
    Beijos e uma ótima semana.

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  2. Ola Angela!
    Muita gente comemorou o dia, mas também houve quem se recusasse até a cantar o hino nacional. O pior é que essas pessoas eram politicos, que deveriam ser os primeiros a dar o exemplo de cidadania.
    Lembro de um livro que li na escola sobre a unificaçao alema.
    Beijos e uma otima semana para voce também!

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  3. Bom dia Juliana. Na divulgação do meu blog vou encontrando pelo caminho outros igualmente interessantes. Parabéns. Convido a ver a minha galeria e se poder divulgar pelos amigos agradeço.

    Cumprimentos

    Francisco

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  4. Muitos parabéns amiga Juliana.
    A sua postegem está ótima!!!
    Muito obrigado.

    Abraço

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