sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pompeia, a cidade sepultada pelo Vesúvio

Antes de começar a escrever sobre Pompeia, gostaria de me desculpar aos queridos leitores pela longa ausência que me impediu de atualizar o blog. Estive muito ocupada ultimamente com milhares de afazeres que mal tive tempo para sentar e escrever sobre a Itália e minhas viagens pela península, nem mesmo pude seguir as novidades dos meus amigos blogueiros. Espero agora, com as férias, ter mais tempo para o blog.

Visitei Pompeia uma única vez, durante uma viagem de navio e carro que fizemos em setembro de 2007. Durante a parada em Nápoles, tivemos de optar em conhecer seus principais pontos turísticos ou ir a Pompeia. A escolha caiu na segunda opção e não nos arrependemos. É curioso observar, através de suas ruínas, o modo de vida e os costumes de uma sociedade que existiu há 2000 anos, praticamente uma viagem ao passado.

Por sua posição estratégica, bem ao centro do Golfo de Nápoles e, portanto, em meio às rotas comerciais marítimas da Antiguidade, Pompeia sempre foi uma localidade visada pelas populações que habitaram a península itálica. Tem-se notícia de que os oscos, antigo povo indo-europeu, foram os primeiros a se fixar na região, sem alguma organização urbanística, ocupando uma estensão de aproximadamente 10 hectares. No século VI a.C., os etruscos chegam à cidade, dando início à sua expansão e ao desenvolvimento cultural e econômico. Em meados do século V a.C., os gregos e samnitas dominam Pompeia e influenciam sua vida social e econômica. É durante este período que a cidade será toda reestruturada, com a construção de novos edifícios em base a um novo esquema geométrico e perimetral. De 343 a 290 a.C. os samnitas decretaram guerra contra Roma (as famosas Guerras Samnitas), culminando com a vitoria dos romanos, que acabaram exercendo sua soberania em todo o Mediterrâneo.


Com a influência romana em Pompeia, além do enriquecimento econômico, favorecido pela ampliação das rotas comerciais até o rico Oriente, seus habitantes também puderam presenciar um florescente desenvolvimento arquitetônico. Construiram-se novos templos dedicados às divindades mitológicas (entre eles o Capitólio), o Forum, a Basílica (edifícios dedicados às atividades comerciais e político-administrativas), o Macellum (mercado público), lojas e mercearias, teatros e anfiiteatros, uma academia para práticas esportivas, as termas (muito em voga no período romano), um novo sistema hidráulico, casas imperiais, enfim, toda a cidade foi modernizada e adquiriu um look de colônia romana.


Pompeia vivia seu apogeu quando, em 62 d.C., um violento terremoto provocou consideráveis danos à cidade. Era um preanúncio da catástrofe que estava por vir, como havia acontecido anteriormente. Mas graças à sua florescente economia e às contribuições de mecenas com ambições políticas, Pompeia se reergueu e logo deu-se às obras de reconstrução. Além de reconstruída, a cidade também foi ampliada e decorada.

No fatídico 24 de agosto de 79 d.C., aquele monte aparentemente inócuo, coberto de abundante vegetação e que adornava a paisagem de Pompeia e de todo o golfo de Nápoles, causou uma catástrofe nunca antes vista. Ninguém sabia que se tratasse de um vulcão, muito menos que fosse explosivo e que devastasse tudo que encontrava pela frente. Caio Plínio Cecílio Segundo, mais conhecido como Plínio, o Jovem, sobrinho-neto do naturalista romano Caio Plínio Segundo (Plínio, o Velho), em uma carta ao historiador Tácito, narra a tragédia que sepultou Pompeia. Segundo sua descrição, aquele dia era como qualquer manhã ensolarada de verão, quando, pouco antes do meio-dia, ouviu-se um forte barulho seguido de tremor, os pássaros começaram a voar em bandos, o mar se agitava e uma nuvem espessa e escura se formava sobre o Vesúvio, transformando, repentinamente, o dia em noite; as pessoas nem imaginavam que fosse o início de uma erupção e, tomadas pela curiosidade, observavam toda aquela cena apocalítica. Seguiu-se uma chuva de pedras-pomes, à toneladas e lançadas a toda velocidade pelo vulcão; com elas, os gases tóxicos que dizimaram não só a população de Pompeia como de toda a região em torno da baía de Nápoles.

“Era o nono dia antes das calendas de setembro, pela sétima hora, quando minha mãe lhe mostrou que se formava uma nuvem volumosa e de forma incomum. Havia tomado seu banho de sol, depois um banho frio, e, num leito, estudava. Levantou-se e subiu a um lugar do qual podia ver melhor [escreveu o jovem, sobre como o tio soube da erupção]. A nuvem parecia-se muito com um pinheiro porque, depois de elevar-se em forma de um tronco, desabrochava no ar seus ramos. Creio que era arrastada por uma rápida corrente de vento e que, quando esta cedia, a nuvem, vencida por seu próprio peso, dilatava-se e expandia-se, parecendo às vezes branca, às vezes escura ou de diferentes cores, conforme estivesse mais impregnada de terra ou de cinzas. O Vesúvio brilhava com enormes labaredas em muitos pontos e grandes colunas de fogo saíam dele, cuja intensidade fazia mais ostensivas as trevas noturnas. O dia nascia já em outras regiões, mas aqui continuava noite, uma noite fechada, mais tenebrosa que todas as outras; a única exceção era a luz dos relâmpagos e outros fenômenos semelhantes. Podia-se ouvir os soluços das mulheres, o lamento das crianças e os gritos dos homens. Muitos clamavam pela ajuda dos deuses, mas muitos outros imaginavam que não havia mais deuses e que o Universo estava imerso numa eterna escuridão”.
(Trechos da carta de Plínio, o Jovem, a Tácito)


O Último Dia de Pompeia, Karl Briullov (1827-1833)

Foram dois dias de sofrimento e nenhum sinal de vida após a catástrofe. Tudo tinha sido exterminado: pessoas, casas, árvores, ruas; nada mais a fazer, embora o Império Romano tenha mobilitado uma equipe para resgatar mármores, colunas e estátuas. No século III da nossa era, o imperador Alexandre Severo retomou as escavações para recuperar o que tinha sobrado. Mas as obras logo foram abandonadas e Pompei caiu no esquecimento. No século XVI, durante a construção de um canal do rio Sarno, foram encontrados restos da cidade de Pompeia, dando início à documentação daquela antiga civilização. A partir da segunda metade do século XIX, os estudos arqueológicos foram se tornando mais sérios, as escavações foram se ampliando e hoje Pompeia é um sítio arqueológico muito famoso e visitado por turistas de todo o mundo.

Pompeia  no século XIX, Giacinto Gigante

O sítio arqueológio de Pompeia nos dias de hoje

Continua...



Para saber mais:



6 comentários:

  1. OI Juliana, td bem? SEnti sua falta por aqui...muito interessante seu post....ainda nao conheço Pompeia, mas agora fiquei com vontade d econhecer...bjao

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  2. Ju
    Taí um lugar que não deu tempo de ser visitado enquanto morávamos em Milão, mas ... ele que nos espere, quem sabe nas férias do ano que vem!!!!
    Um abraço

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  3. Oi Yeda,
    Muito obrigada pelo carinho. Estive meio sumida mesmo, mas agora espero não desaparecer de novo.
    Quando puder, vá sim a Pompeia. É ideal para quem qer ter um contato mais próximo com a Antiguidade Romana. Ah, não deixe de passar em Nápoles, nem que seja para comer pizza :D
    Beijos

    Olá Celia,
    Que bom ver você por aqui! Tenho certeza que não faltarão oportunidades para uma visita a Pompeia (e outras cidades que ainda não foram vistas).
    Um grande abraço

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  4. Juliana querida,
    Conhecer Pompeia foi inesquecível e maracante p mim. Estive lá na 2ª vez em que fui à Itália.
    Dessa vez fiquei 8 dias só em Roma, faminta por conhecimento e fazendo muitas descobertas novas.
    Minha amiga e companheira de viagem, compartilhava comigo dos mesmos interesses. Foi uma viagem maravilhosa!
    Beijos carinhosos e uma ótima semana,
    Nena.
    www.coracaodanena.blogspot.com

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  5. Juliana querida,
    Nosso calor aqui está forte que nem o da Itália nessa época.
    Odeio esse calor infernal, que ainda teremos que aguentar porque recém está entrando o verão amazônico.
    E pra completar,estou de cama por causa de uma gripe forte, hehehe...
    Beijos carinhosos,
    Nena.
    www.coracaodanena.blogspot.com

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  6. Oi Nena!
    Aqui na Itália o tempo virou de repente e começou a fazer frio (para a época). Eu que reclamava do calor que fazia, agora estou sentindo um pouco a falta dele :D Pelo menos está mais confortável.
    Espero que tenha melhorado da gripe.
    Um beijo e uma ótima semana!

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