A Lupa Capitolina amamentando os gêmeos Rômulo e Remo, fundadores de Roma |
Um dia somente é muito pouco para conhecer e descobrir toda a Caput mundi, mas se o tempo é curto e a vontade é grande, podemos sim conhecer os lugares mais famosos da cidade. Um planejamento prévio da viagem e mapas são muito importantes para não perdermos tempo. Evitar de entrar em museus e outros locais de interesse também ajuda a economizar tempo e disposição, sobretudo se a fila lá fora estiver muito comprida.
Das duas vezes que estive em Roma, fiz o passeio a pé e só utilizei metrô ou ônibus na volta. Pode parecer cansativo e até contraproducente para quem tem pouco tempo a disposição, mas eu adorei porque a cada esquina encontrávamos um monumento famoso. E mesmo assim, ainda sobrou tempo para entrar no Fórum Romano, no Pantheon e na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Abaixo um pequeno roteiro da nossa visita na Cidade Eterna:
Não consigo nem descrever a sensação que tive ao sair do metrô e me deparar com o Coliseu! A primeira sensação foi de incredulidade: não conseguia acreditar que o estava vendo ao vivo. Aos poucos, fui me dando conta que não se tratava de um sonho e que estava diante do anfiteatro mais antigo e mais famoso do mundo.
O Anfiteatro Flávio (nome como foi batizado o Coliseu, em homenagem à dinastia dos Flávios), construído em 79 d.C por Vespasiano e inaugurado por Tito em 80 d.C., foi um local de grandes e sanguinolentos jogos de combates destinados ao entretenimento da população, com capacidade de abrigar entre 40 e 73 mil espectadores. Ao centro estava a arena, toda coberta de areia para dar lugar aos espetáculos que incluíam até certos "efeitos especiais" (animais que apareciam e desapareciam repentinamente, troca de cenários e tudo mais). Os degraus eram divididos de acordo com o poder aquisitivo da população: os patrícios (nobreza romana) eram acomodados em degraus de mármore e situados nos locais mais baixos, enquanto à plebe eram destinados os degraus de madeira, mais no alto, separados por um muro. Na Idade Média, o Coliseu foi transformado em fortaleza e, sucessivamente, tornou-se apenas um depósito de onde eram retirados os materiais para a construção de novos edifícios (boa parte dos monumentos da cidade foram construídos com os restos do Coliseu). Felizmente, tal barbaridade durou até o século XVIII.
A origem do nome Coliseu (Colosseo em italiano) foi porque o imperador Adriano mandou transferir o Colosso de Nerone (uma grande estátua em bronze que representava Nero) da Domus Aurea para perto do anfiteatro.
Ao lado do Coliseu encontra-se o Arco de Constantino, um arco triunfal construído pelo Senado para comemorar a vitória de Constantino contra Magêncio na Batalha de Ponte Mílvia (28.10.312).
Tivemos muita sorte na visita ao Fórum Romano. Como havíamos chegado muito cedo em Roma, fomos os primeiros a entrar no parque arqueológico e assim, pudemos desfrutar de uma visita mais tranquila e prazerosa no antigo centro econômico e político da Antiga Roma.
Caminhando entre as ruínas do Fórum Romano, fotografando antigos templos, basílicas (que na época não eram edifícios religiosos e sim locais onde se tratavam de política e negócios) e arcos triunfais, eis que chegamos ao Monte Capitolino, uma das famosas sete colinas onde foi fundada a cidade de Roma. É lá que se encontra a famosa Piazza del Campidoglio, uma praça de inspiração renascentista projetada por Michelangelo de acordo com a intenções do Papa Paulo III em transferir para o Capitólio a estátua de bronze do imperador Marco Aurélio. São também obras de Michelangelo a escadaria que dá acesso à praça, a fachada do Palazzo Senatorio (Palácio dos Senadores, atual sede da Prefeitura de Roma), o Palazzo dei Conservatori (Palácio dos Conservadores) e o Palazzo Nuovo (Palácio Novo), estes últimos pertencentes ao complexo dos Museus Capitolinos.
A poucos passos do Campidoglio encontramos o Vittoriano, um monumento nacional dedicado ao primeiro rei da Itália unida, Vittorio Emanuele II. É também é conhecido por Altare della Patria devido ao altar dedicado aos militares mortos em guerras e batalhas, rigorosamente vigiado pelas guardas de honra da marinha italiana. Construído com mármores brancos de Brescia, apresenta uma série de estátuas e símbolos referentes à história da Itália e aos valores da Pátria. O interior conserva o Sacrário das Bandeiras, onde estão expostas as bandeiras militares italianas.
Mais adiante nos deparamos com os Fóruns Imperiais de César, Augusto, Vespasiano, Nerva e Trajano, símbolo da expansão populacional de Roma e da sua importância frente às principais capitais do mundo helenístico. O centro das atenções recai sobre a famosa Coluna de Trajano, erguida entre os anos de 107 e 113, que impressiona pela perfeição artística dos mais de 2500 baixos-relevos esculpidos nos 30 metros da coluna, retratando com minúcias a guerra entre romanos e dácios. Sob a base da coluna foi sepultado Trajano e sua estátua, que ficava no pico, foi substituída por uma de São Pedro.
Dos Fóruns Imperiais seguimos em direção a outros pontos turísticos da Cidade Eterna. Passeando por vielas, lojas e outros monumentos romanos, eis que nos deparamos quase que sem querer com a suntuosa Fontana di Trevi! Também fiquei boquiaberta quando vi de perto aquela fonte tão famosa quanto bela.
Iniciada em 1732 e concluída somente em 1762, a Fontana di Trevi é a última espetacular criação do barroco romano. O tema principal é o mar, representado em figuras mitológicas e alegóricas lideradas pelo deus Oceano.
Há várias crendices e tradições relacionadas à fonte. A mais conhecida e obedecida é a de que se deve jogar, virado de costas, uma moeda nas águas da fonte para poder voltar a Roma. As moedas, muitas delas estrangeiras, são depois recolhidas pela Prefeitura e destinadas a obras de caridade promovida pela Igreja Católica italiana.
Mais uma vez, demos de cara com outro tesouro arquitetônico de Roma, o Pantheon. Foi construído em 27 a.C. pelo cônsul romano Marco Vipsânio Agripa e reconstruído mais tarde por Adriano, que conservou a inscrição original dedicada a seu antecessor (M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT: "Marco Agripa, filho de Lúcio, construiu durante o seu terceiro consulado"). Originalmente, era um templo dedicado a todos os deuses do panteão, transformado em igreja católica em 609 d.C.. Uma particularidade interessante é a grande cúpula com um buraco aberto bem ao centro e de onde sai uma luz quase que celestial.
Do Pantheon seguimos em busca de mais pontos turísticos que a cidade eterna nos oferece, até que encontramos a ampla e barroca Piazza Navona. A praça é ocupada por três grandiosas fontes: a Fontana del Nettuno, a Fontana dei Quattro Fiumi e a Fontana del Moro, além da Chiesa di Santa Agnese in Agone, igreja construída na Idade Média no lugar onde Santa Inês sofreu seu martírio e reconstruída mais tarde por Borromini.
Sem dúvida, a Fontana dei Quattro Fiume é a que mais se destaca entre as outras fontes. Favorecida por sua posição central na praça, a fonte é ainda enriquecida com as grandiloquentes estátuas que representam alguns dos quatro rios (fiumi) mais importantes do mundo: Nilo, Ganges, Danúbio e Rio de la Plata, todas em torno do grande obelisco de Domiciano. Inicialmente deveria ser construída por Borromini a mando do Papa Inocêncio X, mas este mudou de ideia quando viu a miniatura da fonte que Bernini presenteou à cunhada do papa. Em virtude deste episódio, a população começou a difundir algumas lendas: dizia-se que a estátua do Rio Nilo cobria o rosto com as mãos para não ver a igreja de Santa Agnese in Agone, enquanto que na verdade, o rosto coberto era porque ainda não se conhecia a nascente do rio egípcio; a estátua do Rio de la Plata com as mãos para frente parecia temer a queda da igreja, mas a estátua de Santa Inês, com uma mão no peito, garantia estabilidade ao rio. Tudo isso não se passavam de crendices e intrigas, já que a igreja foi reconstruída alguns anos depois da fonte de Bernini.
A forma retangular da praça é uma remanescência do estádio de Domiciano (século I a.C.) onde se realizavam as competições olímpicas em honra de Júpiter, os agones (que depois passou a ser in agone e, mais tarde, navona). Na Idade Média, a praça passou a ser um lugar público onde se realizavam encontros festosos e jogos. O maior divertimento era quando a praça se enchia de água (fechando os ralos das bicas e bueiros da rua) e se transformava em um verdadeiro lago onde eram realizadas batalhas navais e brincadeiras para se refrescar nas tardes quentes de agosto. No século XIX, essas manifestações foram proibidas pelo Papa Pio IX por motivo de ordem pública.
Na Piazza Navona é também notável o Palazzo Pamphilj, um elegante palácio construído pela família Pamphili no século XVII e que hoje é sede e propriedade da Embaixada do Brasil na Itália.
Na minha primeira visita a Roma não tivemos tempo de visitar a Piazza di Spagna porque estávamos presos a horários e perdemos grande parte do tempo na fila para entrar na Basílica de São Pedro (não aconselho visitas a Roma na Páscoa ou no Natal). Foi na segunda viagem que tivemos a oportunidade de visitá-la, mesmo com o calor quase desumano de fim de julho e com os turistas que não paravam de chegar.
A praça é formada pela harmoniosa composição formada pela Chiesa della Trinità dei Monti com seus dois campanários, muito parecida com as igrejas barrocas brasileiras, pela elegante e monumental escadaria rococó projetada por Francesco De Sanctis no século XVIII e pela Fontana della Barcaccia, obra de Pietro Bernini e de seu filho, Gian Lorenzo. Aqui também há uma lenda em torno da construção da fonte, realizado em memória da enchente do Rio Tibre de 1598. Acredita-se que um barco de pesca foi levado pela cheia do rio até os pés da escadaria e, por isso, foi construída uma fonte em forma de um grande barco que afunda. Na realidade, a curiosa representação foi uma técnica de experimentação para resolver o problema da pouca pressão da água.
Até o século XVII, a elegante praça barroca se chamava Piazza della Trinità dei Monti por causa da igreja. Foi então que passou a ser conhecida pelo nome atual, quando a Embaixada da Espanha tomou sede em um dos palácios situados naquele local.
Caminhando em direção ao Vaticano, encontramos um mausoléu de dimensões colossais, inicialmente construído pelo imperador Adriano. É o famoso Castel Sant'Angelo, com sua forma cilíndrica de 21 metros de altura e 64 metros de diâmetro. Pelas suas proporções, foi usado como fortificação no fim do Império Romano, como residência do papa na Idade Média e até como prisões aos patriotas que lutavam para a unificação italiana no século XIX. Hoje é sede do Museu Nacional.
A Ponte di Sant'Angelo, situada em frente ao castelo, foi construída por Adriano e enriquecida, em 1668, pelas estátuas barrocas de Bernini.
Do Castel Sant'Angelo somo conduzidos rapidamente ao Vaticano, reta final da nossa visita a uma das cidades mais bonitas do mundo e rica de histórias que influenciaram a Civilização Ocidental.
Antes mesmo de atravessar a rua onde se localiza o Castel Sant'Angelo, já podemos ver ao fundo a Basílica de São Pedro e parte da praça. O outro lado da calçada é o Estado do Vaticano, com uma rua cheia de embaixadas de vários países. Passamos pela representações diplomáticas pontifícias e finalmente alcançamos a Praça de São Pedro. Nem preciso dizer que foi emocionante meu encontro com ela... só a achei um pouco menor do que imaginava, talvez porque as imagens dão uma ilusão ótica de amplitude ou porque minhas retinas não conseguiam alcançar toda a sua dimensão. Mas a beleza e encanto superaram minhas expectativas.
Mais uma vez encontramos uma obra-prima de Bernini que, para sua construção, teve de enfrentar uma série de problemas. De caráter litúrgico: a praça deveria abrigar o maior número possível de fieis para a benção do Urbi et orbi (à cidade - Roma - e ao mundo). De caráter prático: eram necessários enormes corredores cobertos para as procissões. Por fim, de caráter estético: reavaliar a cúpula da igreja, um projeto de Michelangelo que foi passado em segundo plano para a ampliação da basílica. O resultado foi o que vemos hoje: um vasto espaço que se abre de forma oval para dar espaço ao corredor coberto, sustentado por colunas e vários santos, sem comprometer a harmonia da fachada da basílica. O obelisco que se encontra no meio praça é de origem egípcia e foi erguido em 1586.
Da fila às vistorias, finalmente pudemos entrar na Basílica de São Pedro. Minha primeira reação foi encanto. Não conseguia tirar os olhos do centro da igreja, ilumidada pela luz que descia da cúpula de Michelangelo e que dava uma atmosfera celestial ao lugar. Lá estão o Baldaquino e a Cátedra de São Pedro, ambos obras de Bernini. Aquele envolve o altar papal e serve como um santuário à tumba de São Pedro, o primeiro papa católico que foi crucificado bem ali. A cátedra reflete um espetacular jogo de luzes douradas que dão um ar ainda mais divino à sede da Santa Igreja Católica.
Viro o olhar à minha direita é vejo uma das mais célebres obras da arte ocidental, realizada pelo jovem Michelangelo entre 1497 e 1500: a Pietà. É quase imperceptível em meio a tanta grandiosidade, e mesmo assim é a obra mais fotografada e contemplada por turistas do mundo inteiro que disputam entre si um ângulo favorável para um olhar ou uma foto.
A basílica oferece mais tantas preciosidades que precisaríamos de um dia inteiro para admirá-las com calma. Nos subterrâneos encontra-se a cripta com os túmulos dos papas. A mais visitada é a do Papa João Paulo II. Infelizmente, não consegui visitar os Museus Vaticanos e a Capela Sistina porque já estavam fechados para o público.
Quem já esteve no Vaticano, talvez tenha se estranhado ao ver alguns guardas vestidos com exóticos uniformes coloridos que mais parecem fantasias. É a Guarda Suíça Pontifícia, responsável pela segurança do Papa desde 1506. O uniforme atual, desenhado pelo comandante suíço Jules Repond em 1914, é inspirado nos antigos uniformes militares suíços e as cores remetem às da casa dos Medici.
O uniforme de trabalho é mais cômodo e sóbrio, com casaco e calças de cor azul-marinho, luvas brancas e sapatos e boina pretos.
O Anfiteatro Flávio (nome como foi batizado o Coliseu, em homenagem à dinastia dos Flávios), construído em 79 d.C por Vespasiano e inaugurado por Tito em 80 d.C., foi um local de grandes e sanguinolentos jogos de combates destinados ao entretenimento da população, com capacidade de abrigar entre 40 e 73 mil espectadores. Ao centro estava a arena, toda coberta de areia para dar lugar aos espetáculos que incluíam até certos "efeitos especiais" (animais que apareciam e desapareciam repentinamente, troca de cenários e tudo mais). Os degraus eram divididos de acordo com o poder aquisitivo da população: os patrícios (nobreza romana) eram acomodados em degraus de mármore e situados nos locais mais baixos, enquanto à plebe eram destinados os degraus de madeira, mais no alto, separados por um muro. Na Idade Média, o Coliseu foi transformado em fortaleza e, sucessivamente, tornou-se apenas um depósito de onde eram retirados os materiais para a construção de novos edifícios (boa parte dos monumentos da cidade foram construídos com os restos do Coliseu). Felizmente, tal barbaridade durou até o século XVIII.
A origem do nome Coliseu (Colosseo em italiano) foi porque o imperador Adriano mandou transferir o Colosso de Nerone (uma grande estátua em bronze que representava Nero) da Domus Aurea para perto do anfiteatro.
Ao lado do Coliseu encontra-se o Arco de Constantino, um arco triunfal construído pelo Senado para comemorar a vitória de Constantino contra Magêncio na Batalha de Ponte Mílvia (28.10.312).
Arco de Tito ao centro e alguns dos principais monumentos do Fórum Romano |
Caminhando entre as ruínas do Fórum Romano, fotografando antigos templos, basílicas (que na época não eram edifícios religiosos e sim locais onde se tratavam de política e negócios) e arcos triunfais, eis que chegamos ao Monte Capitolino, uma das famosas sete colinas onde foi fundada a cidade de Roma. É lá que se encontra a famosa Piazza del Campidoglio, uma praça de inspiração renascentista projetada por Michelangelo de acordo com a intenções do Papa Paulo III em transferir para o Capitólio a estátua de bronze do imperador Marco Aurélio. São também obras de Michelangelo a escadaria que dá acesso à praça, a fachada do Palazzo Senatorio (Palácio dos Senadores, atual sede da Prefeitura de Roma), o Palazzo dei Conservatori (Palácio dos Conservadores) e o Palazzo Nuovo (Palácio Novo), estes últimos pertencentes ao complexo dos Museus Capitolinos.
A poucos passos do Campidoglio encontramos o Vittoriano, um monumento nacional dedicado ao primeiro rei da Itália unida, Vittorio Emanuele II. É também é conhecido por Altare della Patria devido ao altar dedicado aos militares mortos em guerras e batalhas, rigorosamente vigiado pelas guardas de honra da marinha italiana. Construído com mármores brancos de Brescia, apresenta uma série de estátuas e símbolos referentes à história da Itália e aos valores da Pátria. O interior conserva o Sacrário das Bandeiras, onde estão expostas as bandeiras militares italianas.
Mais adiante nos deparamos com os Fóruns Imperiais de César, Augusto, Vespasiano, Nerva e Trajano, símbolo da expansão populacional de Roma e da sua importância frente às principais capitais do mundo helenístico. O centro das atenções recai sobre a famosa Coluna de Trajano, erguida entre os anos de 107 e 113, que impressiona pela perfeição artística dos mais de 2500 baixos-relevos esculpidos nos 30 metros da coluna, retratando com minúcias a guerra entre romanos e dácios. Sob a base da coluna foi sepultado Trajano e sua estátua, que ficava no pico, foi substituída por uma de São Pedro.
Dos Fóruns Imperiais seguimos em direção a outros pontos turísticos da Cidade Eterna. Passeando por vielas, lojas e outros monumentos romanos, eis que nos deparamos quase que sem querer com a suntuosa Fontana di Trevi! Também fiquei boquiaberta quando vi de perto aquela fonte tão famosa quanto bela.
Iniciada em 1732 e concluída somente em 1762, a Fontana di Trevi é a última espetacular criação do barroco romano. O tema principal é o mar, representado em figuras mitológicas e alegóricas lideradas pelo deus Oceano.
Há várias crendices e tradições relacionadas à fonte. A mais conhecida e obedecida é a de que se deve jogar, virado de costas, uma moeda nas águas da fonte para poder voltar a Roma. As moedas, muitas delas estrangeiras, são depois recolhidas pela Prefeitura e destinadas a obras de caridade promovida pela Igreja Católica italiana.
Mais uma vez, demos de cara com outro tesouro arquitetônico de Roma, o Pantheon. Foi construído em 27 a.C. pelo cônsul romano Marco Vipsânio Agripa e reconstruído mais tarde por Adriano, que conservou a inscrição original dedicada a seu antecessor (M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT: "Marco Agripa, filho de Lúcio, construiu durante o seu terceiro consulado"). Originalmente, era um templo dedicado a todos os deuses do panteão, transformado em igreja católica em 609 d.C.. Uma particularidade interessante é a grande cúpula com um buraco aberto bem ao centro e de onde sai uma luz quase que celestial.
Do Pantheon seguimos em busca de mais pontos turísticos que a cidade eterna nos oferece, até que encontramos a ampla e barroca Piazza Navona. A praça é ocupada por três grandiosas fontes: a Fontana del Nettuno, a Fontana dei Quattro Fiumi e a Fontana del Moro, além da Chiesa di Santa Agnese in Agone, igreja construída na Idade Média no lugar onde Santa Inês sofreu seu martírio e reconstruída mais tarde por Borromini.
Sem dúvida, a Fontana dei Quattro Fiume é a que mais se destaca entre as outras fontes. Favorecida por sua posição central na praça, a fonte é ainda enriquecida com as grandiloquentes estátuas que representam alguns dos quatro rios (fiumi) mais importantes do mundo: Nilo, Ganges, Danúbio e Rio de la Plata, todas em torno do grande obelisco de Domiciano. Inicialmente deveria ser construída por Borromini a mando do Papa Inocêncio X, mas este mudou de ideia quando viu a miniatura da fonte que Bernini presenteou à cunhada do papa. Em virtude deste episódio, a população começou a difundir algumas lendas: dizia-se que a estátua do Rio Nilo cobria o rosto com as mãos para não ver a igreja de Santa Agnese in Agone, enquanto que na verdade, o rosto coberto era porque ainda não se conhecia a nascente do rio egípcio; a estátua do Rio de la Plata com as mãos para frente parecia temer a queda da igreja, mas a estátua de Santa Inês, com uma mão no peito, garantia estabilidade ao rio. Tudo isso não se passavam de crendices e intrigas, já que a igreja foi reconstruída alguns anos depois da fonte de Bernini.
A forma retangular da praça é uma remanescência do estádio de Domiciano (século I a.C.) onde se realizavam as competições olímpicas em honra de Júpiter, os agones (que depois passou a ser in agone e, mais tarde, navona). Na Idade Média, a praça passou a ser um lugar público onde se realizavam encontros festosos e jogos. O maior divertimento era quando a praça se enchia de água (fechando os ralos das bicas e bueiros da rua) e se transformava em um verdadeiro lago onde eram realizadas batalhas navais e brincadeiras para se refrescar nas tardes quentes de agosto. No século XIX, essas manifestações foram proibidas pelo Papa Pio IX por motivo de ordem pública.
Na Piazza Navona é também notável o Palazzo Pamphilj, um elegante palácio construído pela família Pamphili no século XVII e que hoje é sede e propriedade da Embaixada do Brasil na Itália.
Na minha primeira visita a Roma não tivemos tempo de visitar a Piazza di Spagna porque estávamos presos a horários e perdemos grande parte do tempo na fila para entrar na Basílica de São Pedro (não aconselho visitas a Roma na Páscoa ou no Natal). Foi na segunda viagem que tivemos a oportunidade de visitá-la, mesmo com o calor quase desumano de fim de julho e com os turistas que não paravam de chegar.
A praça é formada pela harmoniosa composição formada pela Chiesa della Trinità dei Monti com seus dois campanários, muito parecida com as igrejas barrocas brasileiras, pela elegante e monumental escadaria rococó projetada por Francesco De Sanctis no século XVIII e pela Fontana della Barcaccia, obra de Pietro Bernini e de seu filho, Gian Lorenzo. Aqui também há uma lenda em torno da construção da fonte, realizado em memória da enchente do Rio Tibre de 1598. Acredita-se que um barco de pesca foi levado pela cheia do rio até os pés da escadaria e, por isso, foi construída uma fonte em forma de um grande barco que afunda. Na realidade, a curiosa representação foi uma técnica de experimentação para resolver o problema da pouca pressão da água.
Até o século XVII, a elegante praça barroca se chamava Piazza della Trinità dei Monti por causa da igreja. Foi então que passou a ser conhecida pelo nome atual, quando a Embaixada da Espanha tomou sede em um dos palácios situados naquele local.
Caminhando em direção ao Vaticano, encontramos um mausoléu de dimensões colossais, inicialmente construído pelo imperador Adriano. É o famoso Castel Sant'Angelo, com sua forma cilíndrica de 21 metros de altura e 64 metros de diâmetro. Pelas suas proporções, foi usado como fortificação no fim do Império Romano, como residência do papa na Idade Média e até como prisões aos patriotas que lutavam para a unificação italiana no século XIX. Hoje é sede do Museu Nacional.
A Ponte di Sant'Angelo, situada em frente ao castelo, foi construída por Adriano e enriquecida, em 1668, pelas estátuas barrocas de Bernini.
Do Castel Sant'Angelo somo conduzidos rapidamente ao Vaticano, reta final da nossa visita a uma das cidades mais bonitas do mundo e rica de histórias que influenciaram a Civilização Ocidental.
Antes mesmo de atravessar a rua onde se localiza o Castel Sant'Angelo, já podemos ver ao fundo a Basílica de São Pedro e parte da praça. O outro lado da calçada é o Estado do Vaticano, com uma rua cheia de embaixadas de vários países. Passamos pela representações diplomáticas pontifícias e finalmente alcançamos a Praça de São Pedro. Nem preciso dizer que foi emocionante meu encontro com ela... só a achei um pouco menor do que imaginava, talvez porque as imagens dão uma ilusão ótica de amplitude ou porque minhas retinas não conseguiam alcançar toda a sua dimensão. Mas a beleza e encanto superaram minhas expectativas.
Mais uma vez encontramos uma obra-prima de Bernini que, para sua construção, teve de enfrentar uma série de problemas. De caráter litúrgico: a praça deveria abrigar o maior número possível de fieis para a benção do Urbi et orbi (à cidade - Roma - e ao mundo). De caráter prático: eram necessários enormes corredores cobertos para as procissões. Por fim, de caráter estético: reavaliar a cúpula da igreja, um projeto de Michelangelo que foi passado em segundo plano para a ampliação da basílica. O resultado foi o que vemos hoje: um vasto espaço que se abre de forma oval para dar espaço ao corredor coberto, sustentado por colunas e vários santos, sem comprometer a harmonia da fachada da basílica. O obelisco que se encontra no meio praça é de origem egípcia e foi erguido em 1586.
Da fila às vistorias, finalmente pudemos entrar na Basílica de São Pedro. Minha primeira reação foi encanto. Não conseguia tirar os olhos do centro da igreja, ilumidada pela luz que descia da cúpula de Michelangelo e que dava uma atmosfera celestial ao lugar. Lá estão o Baldaquino e a Cátedra de São Pedro, ambos obras de Bernini. Aquele envolve o altar papal e serve como um santuário à tumba de São Pedro, o primeiro papa católico que foi crucificado bem ali. A cátedra reflete um espetacular jogo de luzes douradas que dão um ar ainda mais divino à sede da Santa Igreja Católica.
Viro o olhar à minha direita é vejo uma das mais célebres obras da arte ocidental, realizada pelo jovem Michelangelo entre 1497 e 1500: a Pietà. É quase imperceptível em meio a tanta grandiosidade, e mesmo assim é a obra mais fotografada e contemplada por turistas do mundo inteiro que disputam entre si um ângulo favorável para um olhar ou uma foto.
A basílica oferece mais tantas preciosidades que precisaríamos de um dia inteiro para admirá-las com calma. Nos subterrâneos encontra-se a cripta com os túmulos dos papas. A mais visitada é a do Papa João Paulo II. Infelizmente, não consegui visitar os Museus Vaticanos e a Capela Sistina porque já estavam fechados para o público.
Quem já esteve no Vaticano, talvez tenha se estranhado ao ver alguns guardas vestidos com exóticos uniformes coloridos que mais parecem fantasias. É a Guarda Suíça Pontifícia, responsável pela segurança do Papa desde 1506. O uniforme atual, desenhado pelo comandante suíço Jules Repond em 1914, é inspirado nos antigos uniformes militares suíços e as cores remetem às da casa dos Medici.
O uniforme de trabalho é mais cômodo e sóbrio, com casaco e calças de cor azul-marinho, luvas brancas e sapatos e boina pretos.
Ju
ResponderExcluirTua postagem me fez relembrar nossa ida a Roma, que saudade! As tuas descrições foram incríveis e eu me senti em vários lugares novamente.
É claro que o tempo sempre é pequeno para tantas atrações mas ...
De tudo o que vi, o Coliseu foi o que mais me impressionou. Tenho uma foto que foi tirada pelo Eduardo onde estou com o nariz e olhos vermelhos. A emoção de estar num lugar com tantas histórias, onde a crueldade humana era tão latente, foi maior do que pude controlar. Obrigado por me fazer reviver um lugar tão significativo para mim.
Um abraço
CIAO JULIANA QUE BOM CONHECER SEU BLOG ,EU VIVO A vARESE,ESTOU NA ITALIA DA QUASE 5 ANOS,UMA DAS COISAS QUE MAIS GOSTO AQUI è DE HAVER A OPORTUNIDADE DE PODER VISITAR TODOS ESSES LUGARES QUE FAZEM PARTE DA HISTORIA!! EU TBM VIM AQUI PARA REALIZAR SONHOS E PRA ESTAR COM "L'AMORE DELLA MIA VITA",,UM SUPER BLOGBJKKKK ..
ResponderExcluirCelia,
ResponderExcluirMuito obrigada pela visita!
Também senti muitas saudades de Roma enquanto escrevia o post... ai olhava pela janela e via uma paisagem tao diferente de la que me fazia sentir mais longe da caput mundi.
Dos tres monumentos romanos que mais me impressionaram, Colosseo, Fontana di Trevi e Basilica di San Pietro), acho que o primeiro teve um impacto emocional maior sobre mim. Talvez porque foi o que vi primeiro ou por causa da sua existencia historica. Da proxima vez, quero entrar para sentir uma emoçao ainda maior.
Beijos
Juliana querida,li esse post ineirinho com tanto interesse...Já estive em Roma em 2 ocasiões e numa delas foi com minha filha Renata.Sonho em rever essa cidade de sonhos, que respira história, com minhas filhas pq tbm gostam da cultura italiana, como eu. Marido tem vontade de conhecer a França, mas não é apaixonado pela Itália,nem é louco por história ou museus.
ResponderExcluirO coliseu, fontana di trevi,capela sistina...Sei que tudo começa com um sonho.
Beijos carinhosos,
Nena.
sim, Roma é lindissima! tb queria ir! :)
ResponderExcluirMuito brigada pela vista! desculpa eu demorar tanto para retribuir. falta de tempo crónica, sabes como é! :) volta sempre, que eu adoro ver-te por lá!
bjão